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Vila Franca de Xira compra escolas da Marinha por oito milhões de euros
NEGÓCIO. Proposta do presidente Alberto Mesquita (PS) foi aprovada por maioria e promete dar novo impulso à cidade sede de concelho

Vila Franca de Xira compra escolas da Marinha por oito milhões de euros

Município vai também negociar compra da vizinha Cimianto até ao final do ano. Muros que cercam o antigo quartel da Armada vão desaparecer para unir os bairros da Mata e do Paraíso ao rio. A instalação do Tribunal do Comércio será a pedra de toque para todo o desenvolvimento daquele espaço.

As antigas escolas da Marinha onde funcionou até Agosto de 2009 o grupo de escolas nº1 da Armada, na zona ribeirinha da cidade, vão ser compradas pela Câmara de Vila Franca de Xira à empresa estatal Estamo, dona do imóvel, por oito milhões de euros.
A proposta de aquisição foi aprovada por maioria na última reunião de câmara, com os votos favoráveis do Partido Socialista, coligação Novo Rumo - liderada pelo PSD - e pelo vereador independente eleito pela CDU Aurélio Marques. Os restantes três vereadores da bancada da CDU votaram contra (ver caixa).
Antes que o negócio se concretize a assembleia municipal terá também de aprovar a proposta e o Tribunal de Contas dar parecer favorável. Alberto Mesquita (PS), presidente do município, diz que se trata de um momento importante para o concelho, agregando uma visão de desenvolvimento de toda a faixa de terreno ribeirinho que une Vila Franca de Xira a Alhandra.
Até final do ano deverá estar negociada também a compra da vizinha fábrica da Cimianto, logo que esteja concluída a avaliação ambiental do espaço. “Esta é uma decisão ponderada e assenta numa visão de futuro para quem vier a seguir. Fizemos um estudo rigoroso e atento que traça caminhos e fica aberto a contribuições”, explicou o autarca.
O estudo desenvolvido pela empresa Risco mostrou algumas das potencialidades e utilizações que vão ser dadas ao local. Os muros que hoje existem e que separam as escolas da Estrada Nacional 10 vão desaparecer e toda a área será acessível, ajudando a ligar os bairros da Mata e do Paraíso ao rio. Estão planeadas novas passagens pedonais sobre a estrada nacional para permitir travessias em segurança, plantação de novas árvores e construção de novas rotundas entre Vila Franca de Xira e Alhandra.

Novo tribunal, terminal rodoviário e acesso à auto-estrada
O serviço âncora do novo espaço será o Tribunal do Comércio, que actualmente funciona em Loures e será relocalizado para Vila Franca de Xira, como há muito estava determinado pela reforma do mapa judiciário. Também o Tribunal de Família e Menores e os juízos cíveis, que funcionam em zonas distintas de Vila Franca de Xira, vão ser centralizados nos antigos edifícios da Marinha.
O actual tribunal, no centro da cidade, vai continuar a funcionar mas apenas tratando dos processos crime e também ele será alvo de uma remodelação. No estudo estão também previstas áreas de estacionamento, lazer, zonas comerciais e áreas administrativas e associativas. Está igualmente previsto um corredor verde entre as duas localidades. O espaço permitirá voltar a organizar com melhores condições alguns eventos que se perderam com os anos, como a Feira do Campo e do Cavalo, promete a câmara.
A compra das escolas da Marinha vai também permitir realizar a tão almejada ampliação do campo de futebol do União Desportiva Vilafranquense e ao mesmo tempo a ampliação do Parque Urbano do Cevadeiro. Dentro do espaço da Marinha os edifícios de traça mais importante serão preservados e os restantes demolidos.
O plano de aproveitamento do espaço prevê também a construção de um nó sul-norte de acesso à Auto-Estrada do Norte (A1) naquela zona, que hoje apenas tem um acesso no sentido norte-sul. Outra das novidades será a criação no local de um terminal rodoviário para os autocarros que actualmente se encontram estacionados na Quinta da Grinja em situação precária.
No que toca ao rio, prevê-se também a construção de uma marina que permita ligações fluviais rápidas entre Lisboa e Vila Franca de Xira. O preço de toda a intervenção de reurbanização da zona da Marinha, que será feito faseadamente ao longo dos anos, deverá custar no total perto de 20 milhões de euros. Hoje existem no local 42 edifícios numa área de 12 hectares.

CDU contra diz que compra é “apressada”


A compra das instalações da Marinha foi uma decisão que dividiu os vereadores da CDU, que votaram contra excepto Aurélio Marques, independente eleito por aquela força política e que votou a favor da aquisição.
Nuno Libório (CDU) acusou o projecto de ser “o plano para a desactivação da cidade de VFX” e de ter “consequências irreparáveis”, acusando a proposta de ser “eleitoralista”, “apressada” e “imponderada”. Lamentou a falta de rigor do projecto e a falta de garantias de financiamento futuro para as obras de reurbanização do espaço.
A CDU já tinha defendido em 2012 que as escolas da Marinha passassem para a posse da câmara mas agora lamentaram que a câmara tivesse de pagar pelo espaço. “O Ministério da Defesa não está livre de responsabilidades, saiu de VFX de uma hora para a outra e deixou-nos aquele elefante branco. A câmara deve ser proprietária do espaço mas não a qualquer custo”, lamentou Ana Lídia (CDU).
Ainda segundo os comunistas, “o que o PS quer fazer crer é que vai agora resolver um problema que se arrasta desde 2009 e a seis meses do acto eleitoral desencadeia uma série de decisões a ‘mata cavalos’ que não permitem a suficiente discussão, ponderação e reflexão”.
Já a Coligação Novo Rumo votou favoravelmente o documento depois de, há vários meses, ter defendido a compra daquelas instalações. Rui Rei notou que Vila Franca não vai morrer com a Marinha porque “já está morta” e defendeu a introdução de “factores de melhoramento” na cidade através do Tribunal do Comércio. “Não vamos querer ali uma zona rica e uma zona degradada ao lado, vamos querer uma só zona desenvolvida e de qualidade”, frisou.
A coligação notou que a compra do complexo é “uma oportunidade única” para requalificar a zona norte da sede de concelho e “criar uma nova centralidade” na zona. “Embora tardio, este estudo é um primeiro passo que define a intenção de investir na regeneração urbana, na requalificação e na aposta de não deixar Vila Franca e Alhandra definharem até à morte”, salientou Helena de Jesus.

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