Uma aula de defesa para mulheres em que os homens também entraram
A Sociedade Recreativa da Granja foi palco de uma aula de defesa pessoal que inicialmente estava dirigida ao público feminino. Mas os homens também marcaram presença para mostrar que a auto-defesa interessa a todos.
Na manhã de sábado, 3 de Junho, a Sociedade Recreativa da Granja, em Vialonga, foi ponto de encontro para um grupo de moradores que quiseram participar no seminário de defesa pessoal que foi administrado no salão nobre da associação. O seminário era especialmente dirigido para a defesa no feminino mas os homens também apareceram para mostrar que também têm interesse em aprender a defender-se.
Luís Falcão, 30 anos, foi uma das oito pessoas que participaram na aula do instrutor Bruno Oliveira. Foi acompanhado pela mulher, Ana, pela filha, Leonor, de 10 anos, e ainda por uma amiga, Vânia Maridalho, 38 anos. Os quatro fizeram questão de estar presentes “em família, numa actividade em que podemos estar todos juntos”, como explicou Luís, porque reconhecem a importância de aprenderem a defender-se.
“Muitas vezes as mulheres andam sozinhas. Ou porque saem mais tarde do trabalho, ou porque têm de andar nos transportes à noite, ou porque passam num beco mais escuro, podem surgir situações desagradáveis e elas são sempre um alvo mais fácil para os atacantes, por isso é importante aprenderem algumas técnicas de defesa”, explicou Luís.
“E por vezes o perigo não está na rua, está dentro da nossa própria casa. Nunca sabemos o dia de amanhã e as coisas não acontecem só aos outros. E aprendemos aqui algumas técnicas que mesmo em conflitos entre familiares podem ajudar”, acrescentou Vânia.
Quanto à decisão de trazer a filha Leonor à aula, Luís confessa que foi o receio do bullying o motivo: “Cada vez mais ouvimos falar de bullying nas escolas e quisemos que ela aprendesse algumas técnicas para se defender, apenas para se defender, e nunca atacar. São algumas dicas importantes mas que nem sempre nos lembramos de usar, mas que são importantes na altura”.
Algumas das dicas que Bruno Oliveira, que é instrutor de krav maga além de dar aulas de defesa pessoal, deu foram surpresas porque os alunos nunca se tinham lembrado delas. “O saber posicionar-se para não cair, o afastar com uma mão e com a outra segurar o pescoço e ter as mãos abertas ou fechadas. Por exemplo, se não mostrarmos logo os punhos à outra pessoa, não mostramos uma atitude tão agressiva. Se abrirmos as mãos mostramos que não queremos confusão”, disse Vânia, acrescentando: “Não sei se num ataque real consigo pôr logo em prática, porque acho que para isso é preciso um treino constante para retermos mesmo os conhecimentos, mas já fiquei com algumas noções”.
As armas que as mulheres têm
Para Rita Lopes, 29 anos, apaixonada por artes marciais, esta foi mais uma oportunidade de as praticar e ficou feliz por ver que a forma como as mulheres olham para estes desportos começa a mudar: “Ainda se tem o estigma de que as artes marciais são desportos muito agressivos, que há muita violência, enquanto na defesa pessoal há uma diferença: a ideia é tentarmos sair da situação com o menor problema e não tentar arranjar um ainda maior, com mais violência. E as mulheres sentem-se mais à-vontade se vierem a uma coisa destas mais voltada para elas. Mas os homens também vieram porque também é importante aprenderem a defender-se”.
E Luís dá uma achega: “As mulheres têm muitas armas de que às vezes nem se lembram, como as unhas ou os saltos altos. Quando vão a caminho do carro podem levar a chave do carro na mão e defenderem-se com ela se precisarem. São coisas simples de que elas se calhar não se lembram mas que podem fazer a diferença”.