Uma professora de judo com alunos especiais
Susana Augusto desenvolve projecto de judo adaptado na região em parceria com instituições que trabalham com pessoas com deficiência.
Susana Augusto, 38 anos, tem um sonho: “Mudar e melhorar a vida das pessoas com deficiência através do judo adaptado”. A concretização desse sonho começou a ver a luz do dia em 2012, ano em que o projecto foi apresentado à Associação de Judo de Santarém e que foi muito bem aceite. “Primeiro criámos o interesse das instituições e foi isso que aconteceu, mas depois foi necessário criar condições para a prática da modalidade”, explica a judoca a O MIRANTE.
“O projecto demorou algum tempo a ser posto em prática porque enquanto associação temos de criar condições para divulgar a modalidade junto das instituições. A ideia foi sempre motivar e criar condições para que as instituições criassem os seus clubes”. Como os orçamentos das instituições são limitados foi preciso encontrar um patrocinador para a aquisição dos tapetes, que têm um custo aproximado de 180 euros cada e através do presidente da associação conseguiu-se arranjar 180 tapetes com o patrocínio da Daufhins.
Para já os monitores têm trabalhado de forma gratuita mas é necessário arranjar protocolos, porque “não vão trabalhar sempre a título gratuito”, refere Susana Augusto. Para se lidar com estes atletas são necessários certos cuidados. “Cada um tem a sua particularidade. Um aluno com trissomia 21 tem que ter outro tipo de cuidados que se tem com um aluno invisual, por exemplo, e nestas instituições temos turmas muito heterogéneas, existe um invisual, outro surdo e outro com outra particularidade”.
A primeira instituição que aderiu ao projecto foi o Centro de Recuperação e Integração de Almeirim (CRIAL) e foi em Almeirim que se realizou a primeira “super aula de judo” onde estiveram cerca de 40 “super atletas”, como a judoca gosta de lhes chamar. Na segunda super aula, que decorreu no Palácio dos Desportos, em Torres Novas, estiveram 59 super atletas que participaram na super aula de judo adaptado que decorreu no dia 19 de Maio. A próxima está marcada para Novembro deste ano.
Cinturão negro aos 16 anos
Susana Augusto, 21 anos, começou a praticar judo com cinco anos. Conseguiu o cinturão negro com 16 anos. “Naquela altura chegar aos 16 anos e conseguir o cinturão negro era qualquer coisa”, conta a atleta que acrescenta que não liga muito aos cintos.
Profissionalmente é massagista acupuncturista e dá aulas de judo. “Não é muito fácil viver só do judo nesta altura”, explica.
A experiência a dar aulas a pessoas especiais já vem de trás, porque a judoca começou a dar aulas a invisuais. “Fui bater às portas todas para dar aulas de judo a pessoas especiais, só precisava que me arranjassem um tapete”, conta.
“Na altura não se falava em judo para deficientes, para cegos então nem pensar, toda a gente dizia que não era possível mas consegui começar no Restelo com judo para invisuais e ainda hoje tenho alguns alunos”, afirma.