uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

É uma má ideia pôr fadistas a cantar em palcos de festas populares 

Gosto de fado. Gosto de ouvir fados como eles devem ser ouvidos. Ao vivo e sem ruídos de fundo. Apresentar fadistas nos palcos onde actuam artistas de música pop, rock, rap ou de músicas mais popularuchas para plateias barulhentas que estão de pé sem poderem dar saltos para descomprimir e fazer descer a cerveja pelas goelas abaixo é um insulto ao fado, aos fadistas e aos músicos que os acompanham. E é um desrespeito por quem gosta de fado e um desperdício estúpido de dinheiro.
Nas festas populares da Chamusca a organização para ter uma programação diversificada apresentou um espectáculo de fado com João Chora e outro de fado e outras cantigas com Cuca Roseta, nessas condições. Os artistas aceitaram porque têm que ganhar a vida e o tempo não está para recusar contratos.
O público acorreu em massa porque festa é festa e numa festa marcha tudo, como se costuma dizer mas ali ao lado do palco estava uma sala de espectáculos fechada e com um mínimo de condições para os dois espectáculos. E até com possibilidade de uma selecção entre os espectadores que queriam ver e ouvir e os que só queriam ir passando e espreitando enquanto bebiam uma cerveja e conversavam com amigos, nomeadamente através da cobrança de um bilhete a um preço razoável. A sala estaria cheia, os dois espectáculos teriam a dignidade que mereciam e artistas e espectadores seriam respeitados, a começar pelos mais idosos que já não têm pernas para estarem duas horas de pé no meio de uma multidão a ouvir aquilo que gostam. Antigamente criou-se a frase usada nas casas de fado, “silêncio que se vai cantar o fado”. Agora é tudo ao monte e fé em Deus! Discordo: Quem organiza coisas assim não pode tratar de forma igual o que é diferente, no caso, músicas diferentes.
Dionísio Ferraz d’Almeira

Mais Notícias

    A carregar...