Associações querem que seja declarada calamidade ambiental no Mouchão da Póvoa
C6 juntou-se na Póvoa de Santa Iria para alertar para o que vai mal no ambiente em Portugal
Grupo de seis associações ambientalistas (C6) juntou-se à beira rio para alertar para o que vai mal no ambiente em Portugal e não deixou de considerar o Mouchão da Póvoa como um caso “flagrante” do que ainda há por melhorar.
A coligação ambientalista C6, que reúne as principais associações de defesa e protecção ambiental do país, defendeu na manhã de sexta-feira, 2 de Junho, que o mouchão da Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira, seja declarado como zona de calamidade ambiental.
A C6 juntou-se na Póvoa de Santa Iria para fazer um balanço do que, no seu entender, está mal no ambiente em Portugal e o problema do mouchão – que anda no jogo do empurra entre entidades há mais de um ano – não foi deixado fora das críticas.
“É lamentável a incapacidade que o Estado tem revelado em resolver e intervir nesta matéria, o que lamentamos profundamente. Já pedimos à tutela que seja declarado o estado de calamidade ambiental sobre aquele espaço mas ainda não obtivemos resposta”, frisou Hélder Careto, do GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente.
Os activistas defendem que mais dinheiro do fundo ambiental seja usado na conservação das áreas protegidas e na intervenção “mais rápida” nas zonas que se degradam, como o mouchão, que já perdeu 300 hectares de solo cultivável. A actual situação, lamentam os ambientalistas, trará impactos “brutais” na dinâmica das marés e na biodiversidade das aves ali existentes e coloca mesmo em causa a sobrevivência dos restantes dois mouchões do Tejo naquela zona.
A C6 admite que a reparação do mouchão custará muito dinheiro às diferentes entidades e critica a “passividade” de instituições como a Agência Portuguesa do Ambiente. Os ambientalistas apontam também o dedo à Câmara Municipal e à Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira por não terem feito tudo o que podiam para acelerar a resolução do problema. A coligação ambientalista já solicitou também uma intervenção urgente das diferentes entidades envolvidas no processo, numa carta enviada em Abril, mas até ao momento não recebeu resposta.
“A passividade das autoridades face também à degradação permanente do canal técnico do rio Tejo tem afectado negativamente o mouchão e os terrenos confinantes na margem norte, sendo urgente a declaração de calamidade ambiental para aquela zona e a reparação das estruturas hidráulicas afectadas”, vincou Hélder Careto. O responsável notou também a necessidade de ser implementado, na sequência da reparação, um plano para reverter os solos salinizados e outros que deixaram de ter aptidão agrícola por estarem com lodos depositados.