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Cumplicidade

Cada vez mais se torna evidente que o valor da proximidade ganha relevância. As pessoas, até as dos maiores centros urbanos do litoral, perceberam que o vizinho e o bairro são recursos insubstituíveis.

Uma das palavras mais usadas para caracterizar O MIRANTE é proximidade. Na verdade a proximidade é sinónimo de contiguidade, pequena demora ou mesmo vizinhança. A proximidade surge na forma de amizade, ajuda, contacto, reciprocidade, troca de ideias e outras formas de relação social entre o indivíduo e o que o rodeia. Tudo isto é O MIRANTE na região em que se insere e nós, os seus leitores, não só o reconhecemos como o sentimos. Sei que as pessoas, profissionais, que fazem o jornal vivem o recíproco. É a proximidade que confere ao jornal a perfeita simbiose com a região. A maioria das vezes as notícias e os acontecimentos são vividos pelas duas partes da mesma forma; porque as pessoas se conhecem. O Palmeiro, o Mário e a Joana, para além de um nome, têm um rosto e um jeito que quase todos conhecem. Esta similitude de emoções só é possível porque as pessoas se tocam, vivem todos os dias a mesma temperatura do ar. Em oposição, vivemos um tempo em que tudo o resto é o contrário, tudo se fica pela imagem e som que a fibra nos traz para dentro de casa mesmo que o não queiramos. Aqui não, prevalecem os tais sentidos de proximidade como o tato, o sabor e o cheiro. Só a presença e a proximidade nos proporcionam estas três emoções.
O MIRANTE toca e envolve a região e, porque tem a sua linguagem e cultura, cheira e sabe a Tejo. Cada vez mais se torna evidente que o valor da proximidade ganha relevância. As pessoas, até as dos maiores centros urbanos do litoral, perceberam que o vizinho e o bairro são recursos insubstituíveis. É tão relevante que até a Lecas, a cadelinha dos meus vizinhos, o sabe e aprecia. Muito curioso é a capa do último domingo de um importante diário nacional: “Campo de Ourique - uma aldeia no centro de Lisboa”. Imagine-se, a mudança está em curso e um dia, tão breve quanto desejável, vamos deixar de ouvir patetices de startups que criam uma aplicação informática para comprar Bolas de Berlim na praia. Um excelente exemplo que bem justifica o ponto onde estamos em termos civilizacionais: um Mundo onde há cada vez mais pobres que não têm água nem alimentos. Enquanto isto, na China há uma nova profissão – o polinizador; exterminaram os insetos polinizadores e agora há o chinês polinizador de pincel a recolher pólen de uma flor para o depositar noutra. O passo em frente, para a evidente e positiva intimidade entre o jornal e a região é mais que a proximidade porque essa há muito que é intrínseca e na verdade só por si pouco acrescenta. É necessário um brutal emparelhamento que se traduza em algo muito mais forte que dá pelo nome de cumplicidade.
Carlos Cupeto – Universidade de Évora

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