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Médica de família diz-se insultada por utentes e recusa-se a trabalhar no Chouto 
Centro de Saúde do Chouto, na Chamusca, está sem médico

Médica de família diz-se insultada por utentes e recusa-se a trabalhar no Chouto 

Aldeia do concelho da Chamusca está há três semanas sem consultas. Coordenadora do Centro de Saúde da Chamusca, Alzira Pereira, diz que no Chouto “é só selvagens”.

A Extensão de Saúde do Chouto, no concelho da Chamusca, está sem médica de família há três semanas porque a profissional ali colocada recusa-se a trabalhar nessa unidade após ter sido insultada por alguns utentes. Na origem da situação está uma falha informática que tem motivado diversas reclamações. A coordenadora do Centro de Saúde da Chamusca, Alzira Pereira, diz que a médica não vai ser substituída enquanto o sistema informático não estiver a funcionar correctamente.
A coordenadora do Centro de Saúde da Chamusca explica que as sucessivas falhas informáticas não permitem que a médica tenha acesso ao histórico dos doentes. Quanto aos insultos a que a médica terá sido sujeita, Alzira Pereira não quis comentar, apenas confirmando que essa profissional de saúde já não irá mais ao Chouto. O MIRANTE ainda contactou o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Lezíria, mas até ao fecho da edição não conseguiu obter mais esclarecimentos sobre a situação.
O incidente ocorreu na manhã de sexta-feira, 19 de Janeiro, depois de vários populares se terem exaltado por não serem atendidos devido à falha no sistema informático. Custódia Duarte, 66 anos, foi uma das utentes que estava naquele dia na Extensão de Saúde do Chouto e não foi consultada. Conta que tudo começou depois da população decidir levantar a voz e reclamar. “As pessoas só queriam uma explicação que não foi dada”, refere Custódia Duarte.
A médica, entretanto, saiu do gabinete e dirigiu-se a uma administrativa que estava no atendimento. “Reparei, então, que ela estava a chorar, mas ninguém a agrediu como dizem por aí”, adianta Custódia Duarte. Entretanto, apareceu a coordenadora do Centro de Saúde da Chamusca e o presidente da União de Freguesias da Parreira e Chouto, Bruno Oliveira, que tentaram apaziguar os ânimos sem sucesso.
Foi quando, conta, a coordenadora do Centro de Saúde da Chamusca disse em voz alta “É só selvagens. Já conseguiram o que queriam. Acabaram-se os médicos aqui”. Agarrou na médica e levou-a. Depois o presidente da junta arranjou transporte para levar todos os utentes para a Extensão de Saúde da Parreira.
“Nós nunca falámos com a médica, só com a coordenadora do Centro de Saúde da Chamusca e ela, sim, foi bastante arrogante connosco”, admite Marisa Pereira, 37 anos, outra residente no Chouto que também estava no posto médico. A moradora conta que foi com o objectivo de pedir receitas de insulina para a mãe. Foi quando viu a coordenadora do Centro de Saúde da Chamusca e questionou-a sobre o que devia fazer. “Ela só me disse para me desenrascar e se quisesse que fosse às urgências do Hospital de Santarém”, conta. Acabou por ir com a mãe ao Centro de Saúde da Chamusca, onde foi atendida.
Para Marisa Pereira, o Chouto está completamente votado ao esquecimento, de tal forma que diz não compreender por que razão o médico só ia à sexta-feira de manhã quando à Parreira ia três vezes por semana. “A minha mãe, por exemplo, reside aqui comigo e não tem nem controlo do diabetes e hipertensão nem quem lhe passe receitas de insulina”, conta, dizendo que ali só se safa quem vai a um médico privado.

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