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As recordações da 1ª Grande Guerra ainda estão vivas em Benavente
Maria Amélia Correia e Maria Teresa Mendes Soldado, familiares de combatentes da 1ª Guerra Mundial

As recordações da 1ª Grande Guerra ainda estão vivas em Benavente

A inauguração da exposição “Centenário da 1ª Grande Guerra - os mobilizados do concelho de Benavente” contou com a presença de familiares de combatentes que contaram histórias dignas do cinema.

O Centenário da Grande Guerra (1914-1918) foi assinalado em Benavente com a inauguração de uma exposição, no Museu Municipal do concelho. Trata-se de uma mostra fotográfica com resenhas históricas sobre a guerra e os mobilizados do concelho de Benavente através dos registos do Corpo Expedicionário Português (CEP). Na sessão, o presidente do município, Carlos Coutinho, referiu que com esta exposição se pretende “trazer à memória aquilo que a guerra representa, evocando a paz.”
Ao evento, não quiseram faltar Maria Amélia Correia e Maria Teresa Mendes Soldado, duas familiares de militares que participaram no conflito mundial. Juntas, recordaram alguns momentos vividos pelos seus familiares, que quiseram partilhar com os leitores de O MIRANTE.
João Filipe Rato, natural de Benavente, embarcou para França em 27 de Maio de 1917, a fim de integrar o 2º Batalhão do 7º Regimento do CEP. Teve a sorte de regressar a casa para poder transmitir o seu retrato da guerra. “O meu avô contava-me que fazia patrulhas às terras de ninguém. Falava-me da fome e do frio que sentia, enquanto vivia os seus dias coberto de água e lama, nas trincheiras. Ele e os soldados portugueses comiam o pão que os militares ingleses deitavam fora”, conta Maria Amélia Correia, neta do combatente.
Em 1917 e 1918, tal como João Filipe Rato, mais de 50 mil homens foram enviados para as trincheiras, na frente ocidental da guerra. Milhares morreram, outros foram feitos prisioneiros. Foi o caso do militar Rato. Após a batalha de La Lys - um dos maiores desastres militares portugueses - João Filipe Rato é feito prisioneiro das forças alemãs. Foi enviado para uma pedreira, onde era forçado a picar pedra todo o dia. “Como ele era do campo estava habituado à vida dura do trabalho, mas muitos camaradas, mais fracos de corpo, morreram enquanto trabalhavam”. Regressou em Agosto de 1919 a Benavente.

Salvou o irmão de ser enterrado vivo
A história que Maria Teresa Mendes Soldado contou com entusiasmo a
O MIRANTE deve-se ao seu final feliz. O protagonista foi o seu sogro, Francisco Mendes Soldado, enviado para a guerra com 21 anos e que miraculosamente salvou o seu irmão numa cena digna do cinema. “Ele nem sabia que o irmão também estava ali. Quando o encontrou, por mero acaso, já estava junto a uma padiola para ser enterrado. O meu sogro chegou perto dele e apercebeu-se de que não estava morto. Retirou-o dali, salvando-lhe a vida”, assegurou Maria Teresa.
Francisco Mendes Soldado, natural de Avis, regressa da guerra em 1919 e anos mais tarde vai fixar-se em Benavente, onde foi mestre e músico de três bandas filarmónicas do concelho, incluindo a Banda Filarmónica de Benavente. Hoje, ainda é recordado por Maria Teresa como “um grande homem, com inteligência acima da média”. Músico de excelência, escrevia manualmente as pautas de todos os instrumentos tocados pelas bandas. Com 79 anos foi convidado para regressar à Banda Filarmónica de Salvaterra de Magos. Morreu aos 80 anos.

As recordações da 1ª Grande Guerra ainda estão vivas em Benavente

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