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papagaios

Debandei até encontrar um sítio improvável, num bairro daqueles que não enganam, um restaurante verdadeiro. Tudo ali é verdadeiro, até a cor das paredes. Entretanto faltou uma sardinha numa das doses, abençoada sardinha, no seu lugar vieram dois enormes e deliciosos carapaus. Pobres, felizes e verdadeiros. Assim é Portugal, Deus te conserve.

Há uns anos que a beira Tejo é palco para um bonito festival de papagaios ao vento. Imagine-se que vêm equipas de vários países. Deste ano não passou, fui lá espreitar. Valeu muito a pena. No caminho pensei, como voariam os ditos se não estava vento? Mas o Tejo é assim, uma vez na praia, mesmo sem perceber nada da coisa, o vento, não enganava, contínuo e persistente fazia-se sentir. Tudo muito bom. Depois de andar um tempo de cabeça no ar, não faltou uma excelente esplanada, muito confortável, onde estavam umas largas, larguíssimas dezenas de pessoas com o olhar entre a terra e o céu. Só faltou mesmo uma bebida fresca; não havia serviço de esplanada. Por aqui me fiquei, deixei de ver os papagaios e a magnífica paisagem para imaginar como se pode tomar uma decisão destas: “não temos serviço de esplanada”? Não consegui chegar a uma razão que aceitasse. Reparei nas mesas em volta e poucas eram as que evidenciavam consumo. Por ali fiquei o tempo que quis, como todos os outros, até à hora de almoço. Em Alcochete come-se muito bem mas, em boa hora, lembrei-me do péssimo serviço que por ali tive das últimas vezes. Debandei até encontrar um sítio improvável, num bairro daqueles que não enganam, um restaurante verdadeiro. Tudo ali é verdadeiro, até a cor das paredes. Entretanto faltou uma sardinha numa das doses, abençoada sardinha, no seu lugar vieram dois enormes e deliciosos carapaus. Pobres, felizes e verdadeiros. Assim é Portugal, Deus te conserve.
Carlos Cupeto
Universidade de Évora

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