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“Temos um Estado gordo, caro e extenso”
Jornalista José Gomes Ferreira com o presidente da ACISO, Domingos Oliveira das Neves

“Temos um Estado gordo, caro e extenso”

Jornalista José Gomes Ferreira foi o orador convidado do XVI Encontro de Empresários da ACISO, em Ourém, onde criticou a máquina burocrática estatal que dificulta a vida a quem quer investir e o que chama de “capitalismo de compadrio”.

“Temos um Estado gordo, caro e extenso”, considerou o jornalista de economia e sub-director de informação da SIC, José Gomes Ferreira, durante o XVI Encontro de Empresários da ACISO, que decorreu na noite de 22 de Junho, em Ourém, onde participou como orador convidado.
Questionado por O MIRANTE, José Gomes Ferreira afirma que a culpa é repartida pelos governos e pelo povo. “O nosso problema é que face àquilo que fornece às pessoas o nosso Estado é gordo, extenso, grande e pesado. Se não tivermos juízo voltamos ao mesmo. Criou-se a percepção de que há recursos para todos e não há dia em que não haja greves e pessoas a reivindicar”.
O jornalista criticou também a burocracia que dificulta a vida a quem quer investir ou tratar com celeridade dos seus processos. “Para se mexer num tijolo existem duas dezenas de entidades com o poder de dizer não”, diz, acrescentando que “estes poderes intermédios têm muita influência nas decisões e o pior é que nem sequer são votados. Os nãos são sempre em maior número e os prejudicados são sempre os pequenos, porque as grandes empresas têm advogados que desbloqueiam as situações”.
O evento que assinalou os 75 anos da ACISO contou com uma intervenção do jornalista sobre o tema “Portugal é Viável – uma economia mais produtiva; uma sociedade mais equilibrada; o que os políticos têm de fazer para melhorar o ambiente de negócios no país”, onde enumerou vários problemas que continuam a emperrar o desenvolvimento da economia e do país.
José Gomes Ferreira referiu que “não está tudo bem”, como certos discursos partidários querem fazer crer. “Este maravilhoso país ainda tem muita pobreza envergonhada. Os políticos poderiam evitar muita emigração que continua a existir, e evitar o abandono do interior”, disse, acrescentando que “o abandono do interior está ligado à hipocrisia de muitos políticos”.
O jornalista diz ainda que o país está a perder uma oportunidade histórica para resolver muitos dos problemas estruturais e que as taxas de juro baixas, o petróleo a preços baixos, a Europa com crescimento, o turismo a vir de todos os lados, vão acabar. Lembrou ainda que apesar de as taxas de juro serem baixas, “o crédito continua a não ser barato para as pequenas e médias empresas e para aqueles que querem investir”.
“Estamos a assistir a um saque e não fazemos nada”
José Gomes Ferreira criticou as operadoras de comunicações referindo que “temos preços acima da média europeia, porque as operadores combinam os preços”. Mas também o preço da energia em Portugal está acima da média europeia, referiu. Em relação à banca, o jornalista critica principalmente o regulador. “O Banco de Portugal que salvou uns bancos e salvou outros. O regulador gosta de grandes estudos macroeconómicos mas não intervém como devia intervir nas pequenas coisas como comissões, bens e serviços”. José Gomes Ferreira alerta: “Estamos a assistir a um saque e não fazemos nada”.
Já em relação a algumas medidas dos vários governos o jornalista criticou o facto de se criarem leis como a dos certificados energéticos. “Isto é para dar dinheiro a alguém e não sabemos muito bem a quem”, afirmou acrescentando que os mais penalizados são mais uma vez os pequenos e médios empresários. José Gomes Ferreira diz que “nada disto é ilegal, mas é imoral este capitalismo de compadrio”.

“Temos um Estado gordo, caro e extenso”

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