O jovem arquitecto Fábio Mendes, natural de Paialvo, Tomar, que disse a O MIRANTE querer convencer todo o mundo a viver em casa de adobe e que falou entusiasmado sobre as vantagens daquilo a que chama a bio-construção faz-me lembrar todos aqueles revolucionários de modo vário que defendem coisas para os pobrezinhos mas que vivem de forma diferente.
Ele acaba a entrevista a dizer que está a fazer uma casa de adobe mas na Patagónia, quando o que se esperava é que ele dissesse que vai fazer uma casa para si mas em Portugal, para ali viver as delícias em termos de comodidades com a família.
Os autarcas defensores do uso da bicicleta e das ciclo pistas andam de carro. Os defensores dos transportes públicos fazem o mesmo. Os grandes paladinos do Serviço Nacional de Saúde vão aos hospitais e clínicas privadas quando estão aflitos. Os que impedem a reforma de quem já tem mais de quarenta e dois anos de descontos, ou já se reformou aos cinquenta e tal ou está em condições de o fazer. Os que defendem uma alimentação equilibrada...desequilibram-se volta, meia volta. Há alturas em que estas hipocrisias, que sempre existiram em Portugal, me fazem rir. Há outras alturas que me fazem muita azia.
Telmo