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Um tempo propício à xenofobia  e ao racismo que mora em alguns de nós


Dos trinta e dois imigrantes que a Câmara do Cartaxo está a apoiar e que viviam todos na mesma casa, nenhum estava infectado com Covid-19. E ainda bem, embora tenham continuado a cumprir um período de quarentena, o que se compreende. No entanto, o que se passou nestes dias nas redes sociais em termos de declarações xenófobas e racistas deu para entender a necessidade cada vez maior de reforçarmos a democracia.
Num mês em que se soube que um cidadão ucraniano foi morto à pancada nas instalações do SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) do aeroporto de Lisboa, por inspectores daquela polícia, é preocupante ler o que foi escrito por cidadãos do Cartaxo a propósito dos imigrantes que o município está a apoiar, para defesa da saúde deles e da população do concelho em geral.
Os apelos do presidente da Câmara do Cartaxo, Pedro Magalhães Ribeiro, “ao melhor que cada ser humano tem em si” e a afirmação de que no seu município todos são tratados por igual, independentemente da sua nacionalidade, podem sensibilizar pessoas de bem que a certa altura possam ir na conversa dos ditadores do Facebook mas nunca sensibilizará esses. Nem esses, nem outros.
Ainda a propósito do SEF e dos imigrantes que trabalham habitualmente na agricultura da região, e que alguns agricultores temem que este ano não o possam fazer, é preciso que as pessoas percebam que o caso do aeroporto não surge do nada, como escreveu há dias no Diário de Notícias o jornalista brasileiro, residente em Portugal, Álvaro Filho, num texto com o título: “O que faz falta ao SEF”.
“Entre os serviços públicos em Portugal, o SEF é o que corre maior risco de falhar justamente por não ser usado pelos portugueses, um detalhe que lhe confere uma certa imunidade ao radar das ferramentas de controlo da sociedade (...) Como outros serviços, o SEF ressente-se da falta de pessoal, de estrutura e de investimento, mas acima de tudo, da falta de empatia. Não perceber o outro apenas como uma perigosa ameaça, mas sobretudo como alguém fragilizado e carente de ajuda, está no ADN das violações de conduta(...).

Amílcar Bartolomeu

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