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58 infectados no lar da Misericórdia de Alverca
Idosos não infectados com mobilidade reduzida foram transportados em ambulância até à unidade hoteleira onde passam a viver por tempo indeterminado

58 infectados no lar da Misericórdia de Alverca

O lar de idosos da Santa Casa da Misericórdia registou 58 casos positivos de Covid-19. Os utentes não infectados foram evacuados para um hotel. Dois estão internados devido ao agravamento de sintomas.

A pandemia de Covid-19 abateu-se sobre o lar de idosos da Associação de Assistência e Beneficência da Misericórdia de Alverca, onde o novo coronavírus contagiou 39 utentes e 19 funcionários. Dos infectados apenas três apresentaram sintomas graves da doença e tiveram de receber cuidados hospitalares, revelou a O MIRANTE, o presidente da instituição, João Simões. Entretanto um já teve alta e os restantes, dois nonagenários, permanecem em internamento.


Os 30 utentes que testaram negativo à Covid-19 foram no sábado, 18 de Abril, evacuados com o apoio de bombeiros para uma unidade hoteleira, onde vão morar temporariamente a expensas da Câmara de Vila Franca de Xira. É aí que permanecerão em isolamento profiláctico, por tempo indeterminado, com alimentação também assegurada pela autarquia e apoio de seis técnicas da instituição.


Segundo João Simões os funcionários infectados que estão por opção a cumprir quarentena em instalações municipais “estão naturalmente assustados com a doença, mas continuam para já assintomáticos”. Também nestes casos está garantida pelo município a alimentação e o acompanhamento médico.
Apesar de não haver certezas, João Simões disse a O MIRANTE que a cadeia de infecção pode ter surgido após a mudança de turnos dos funcionários que trabalhavam em espelho, com rotatividade de 14 dias. O dirigente considera que “teria sido fundamental testarem a equipa que entrou”, até porque dela faziam parte “enfermeiras e médicos que trabalham em hospitais”. A saída em ambulância de utentes que precisam de cuidados de saúde hospitalares é outra das possibilidades apontadas.


O primeiro caso confirmado de infecção foi o de um utente que teve de ir ao hospital devido a uma fractura numa perna, tendo-lhe sido feito o teste. Depois desse caso foram testados os 77 funcionários e 64 utentes que vivem no lar onde se encontrava o utente infectado. Os 20 testes à Covid-19 que faltava fazer aos utentes que vivem numa outra dependência do lar de Alverca deram negativo.
Na terça-feira, 21 de Abril, o concelho de Vila Franca de Xira registava 159 casos activos de Covid-19 a que se somavam três óbitos devido à doença.

Novos trabalhadores ao serviço

Com 19 trabalhadores infectados, uma das maiores preocupações da direcção prendia-se com a falta de recursos humanos para cuidar dos idosos com Covid-19. Problema que teve solução na segunda-feira através de um protocolo entre a Segurança Social e a Cruz Vermelha que disponibilizaram nove funcionários.


Inicialmente estava prevista a entrada de 15 funcionários no sábado, mas, segundo explicou João Simões, “apenas apareceram três e dois deles desistiram” ao perceberem que iam contactar com infectados pelo novo coronavírus. Durante esse impasse a Câmara de Vila Franca de Xira mobilizou apoios de outras instituições do concelho, nomeadamente no fornecimento de refeições aos utentes que permanecem na instituição. O serviço de cozinha já foi retomado entretanto e o serviço de apoio domiciliário e centro de dia está a ser reorganizado, para que quem precisa continue a ter resposta da Misericórdia.


Desde segunda-feira que por iniciativa da câmara municipal estão a ser realizados testes em todos os lares de idosos do concelho, num total de 1.800 funcionários e utentes. Também a entrega de equipamentos de protecção individual foi reforçada. A autarquia destacou em comunicado que “tem envidado todos os esforços para adquirir mais testes, o que só agora foi possível concretizar, face às dificuldades existentes no mercado”.

Presidente do lar da Misericórdia rejeita tricas políticas

O dirigente do lar da Misericórdia de Alverca João Simões diz que a luta político-partidária lhe passa completamente ao lado, sendo irrelevante para o caso de emergência com o qual se vê a braços. Em causa estão vários comentários e um comunicado emitido pela Juventude Socialista (JS) de Vila Franca de Xira a criticar o facto de ter sido Nuno Libório, presidente da assembleia-geral da instituição que também é vereador da CDU naquele município, a falar aos jornalistas durante a evacuação dos utentes não infectados.
A JS apontou o dedo a Nuno Libório, acusando-o de se servir da dupla função para fazer política, “caluniar, especular, maldizer e exibir-se, em vez de utilizar a sua voz para contribuir para uma solução rápida, organizada e eficaz”.
Para João Simões “as interpretações políticas que sejam retiradas das declarações de Nuno Libório terão os seus órgãos próprios para serem discutidas”, frisando que “não tem a direcção absolutamente nada a ver com isso”. João Simões esclareceu ainda que não esteve presente durante a evacuação dos idosos porque teve de acompanhar o seu filho menor de idade que está a ser acompanhado no IPO de Lisboa.

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