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Maus cheiros estão de volta a Alcanena
Luís Santos Fernandes trabalhou nos curtumes e conhece o cheiro. António Fernandes é o autor de uma das denúncias feitas à câmara

Maus cheiros estão de volta a Alcanena

Há cerca de um mês que os maus cheiros regressaram e têm afectado principalmente as populações de Pousados, Filhós e Chões. A empresa municipal Aquanena garante que a ETAR está a funcionar normalmente e que os odores têm origem num aterro para deposição de lamas.

Os maus cheiros regressaram ao concelho de Alcanena. O cheiro nauseabundo a ácido sulfúrico não deixa margem para dúvidas entre os populares das aldeias de Pousados e Filhós, na freguesia de Bugalhos, e de Chões, na freguesia de Alcanena. Alguns moradores destas povoações já fizeram denúncias ao presidente de junta e ao executivo camarário, bem como à Guarda Nacional Republicana (GNR) e à empresa municipal Aquanena, que gere a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcanena. O MIRANTE esteve nessas três localidades, na manhã de segunda-feira, 4 de Maio, e confirmou a existência dos maus cheiros.
Nesse mesmo dia, à tarde, o tema foi levado à reunião de câmara pelo vereador da coligação PSD/CDS/MPT, Gabriel Feitor, que questionou a maioria socialista sobre o ponto de situação da ETAR, uma vez que recebeu denúncias sobre o regresso dos maus cheiros. A presidente da Câmara de Alcanena, Fernanda Asseiceira (PS), confirmou ter recebido a mesma informação, uma primeira vez, em fins de Março, por parte do presidente da Junta de Bugalhos.
Em resposta a questões colocadas por O MIRANTE, o director de exploração da ETAR, Luís Miguel Guerreiro Santos, referiu que na ETAR não se verifica “nenhuma situação que se possa identificar como causadora de odores ofensivos”. No entanto explica que no aterro de lamas, localizado perto das três localidades mais afectadas, encontram-se depositados todos os resíduos e lamas produzidos na ETAR e que apesar de todas as medidas mitigadoras, constataram que “em determinadas zonas e de forma permanente, há presença de odores característicos dos resíduos aí depositados”.
O mesmo responsável refere ainda que “sempre que possível os horários de deposição das lamas são reajustados” por forma a evitar períodos que conduzem à acumulação de odores ofensivos na zona de trabalho e na menor área possível.
Durante a manhã em que O MIRANTE esteve no local, o cheiro era comum aos três lugares visitados e intensificava-se à medida que nos aproximávamos da ETAR. No entanto, à chegada à sede de concelho o cheiro era inexistente. Segundo António Fernandes, autor de uma das denúncias recebidas pelo executivo camarário, os cheiros intensificaram-se assim que foi decretado o estado de emergência.

“Sinto-me melhor a respirar em Lisboa”
António Fernandes reside em Lisboa mas é natural de Pousados, onde veio passar os dias de quarentena para estar perto da mãe e poder sair de casa, pois na capital seria mais complicado. No entanto, tudo lhe saiu ao contrário. “Como o problema dos maus cheiros estava já há algum tempo sem se sentir, pensei que ao vir para aqui teria uma melhor qualidade de vida para dar as minhas corridas, mas enganei-me. Sinto-me melhor a respirar em Lisboa, uma cidade cheia de poluição, do aqui com este problema que, pelos vistos, nunca vai ser resolvido”, afirma.
Luís Santos Fernandes, também natural de Pousados, emigrou há anos para França, onde ainda tem casa, mas depois de se ter reformado passa muito mais tempo na terra natal. Antes de rumar a Paris sempre trabalhou na indústria dos curtumes e sabe bem distinguir o cheiro que se faz sentir. “É ácido puro, e o que estamos a sentir agora é isso mesmo”, garante. Houve alguns meses em que não se sentiram os cheiros, mas desde Março tudo recomeçou. “Tem sido todos os dias a qualquer hora”, afirma.

Infractores continuam por detectar

Recorde-se que o município remeteu em Novembro de 2019 uma queixa-crime contra desconhecidos, com o objectivo de apurar responsabilidades pelos maus-cheiros e punir os infractores. O MIRANTE questionou o ponto de situação desta queixa e, segundo Fernanda Asseiceira, meio ano depois ainda não houve qualquer desenvolvimento.

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