Viúva do camionista falecido na passagem de nível do Peso vai para tribunal
José Maria Carvalho, de 38 anos, foi a segunda vítima mortal em três anos e meio devido à falta de segurança na passagem de nível para pesados.
A mulher do camionista que morreu no acidente na passagem de nível do Peso, nos arredores de Santarém, no dia 22 de Abril, vai avançar com uma acção em tribunal contra a Infraestruturas de Portugal, responsável pelos caminhos-de-ferro. Telma Carvalho quer que a empresa pública seja responsabilizada pela falta de segurança na passagem de nível que já tinha ceifado uma vida há três anos e meio em circunstâncias idênticas. A viúva de José Maria Carvalho não quer para já falar mais no assunto como forma de se preservar a si e ao filho menor de idade, numa altura difícil da vida.
Telma, que no anterior mandato foi secretária da Junta de Freguesia de Aveiras de Baixo, concelho de Azambuja, onde a família residia, está na expectativa para saber o que vão fazer para reduzir ou eliminar o perigo na travessia. Não acredita que a Infraestruturas de Portugal e a Câmara de Santarém, que têm trocado acusações sobre responsabilidades e sobre atrasos para se fazerem obras na passagem de nível, segundo acordos de há três anos (ver texto nesta página), consigam entender-se rapidamente.
Desde o trágico acidente que a mulher e o filho estão a residir em Santarém, em casa de familiares. José Maria Carvalho, de 38 anos, por ser um homem extrovertido e sempre com uma piada na ponta da língua, era muito conhecido na terra. Os vizinhos dizem que quando não estava a trabalhar dedicava o seu tempo à família. Tinha anos de prática de condução de veículos pesados e estava a concretizar o sonho de trabalhar por conta própria há ano e meio.
Recorde-se que o empresário e camionista estava a atravessar a Linha do Norte quando se apercebeu que não conseguia prosseguir a marcha por causa da curva estreita, na Estrada do Peso, após a linha férrea. José, também conhecido como “Zé Fecha” e “Zé Pantera”, ainda telefonou a um amigo a pedir ajuda sobre como tirar do local o pesado carregado de estrume para os campos agrícolas. Mas o comboio Alfa Pendular surgiu de repente, embateu no camião a mais de 120 quilómetros por hora e o empresário, que estava fora do veículo, acabou por ser atingido por uma peça projectada da sua viatura e morreu no local.
A 8 de Novembro de 2016 tinha ocorrido um acidente nas mesmas circunstâncias. Carlos Brites Moita, de 56 anos, residente em Almeirim, ajudante de camionista, tinha saído do pesado para ajudar o motorista a fazer a manobra e tentar sair da linha, quando um comboio embateu no veículo arrastando-o e apanhando Carlos, que teve morte imediata.