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Luís de Sousa provoca alvoroço no PS por defender cerco sanitário a prédio habitado por ciganos
Luís de Sousa

Luís de Sousa provoca alvoroço no PS por defender cerco sanitário a prédio habitado por ciganos

Declarações do presidente da Câmara de Azambuja sobre os ciganos do Bairro da Quinta da Mina não caíram bem no Partido Socialista com o primeiro-ministro a demarcar-se e a Juventude Socialista a falar em atitude discriminatória. Autarca diz que os críticos “falam sem ter conhecimento das matérias”.

O presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa (PS), despertou reacções críticas no seio do seu partido por revelar a etnia dos 19 infectados pelo novo coronavírus no Bairro Quinta da Mina, em Azambuja, e defender um cerco sanitário ao bloco onde habitam. As afirmações do autarca geraram mal-estar no Governo e na Juventude Socialista da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) que não perdoam a proposta que consideram discriminatória.
A O MIRANTE, o autarca de Azambuja nega tratar-se de discriminação, salientando que mantém uma “boa relação” com essas famílias. Relativamente ao cerco sanitário proposto ao bloco habitacional, Luís de Sousa esclarece que o defende não por nele residirem pessoas de etnia cigana, mas como medida de contenção à propagação do vírus. “Defendo tanto para eles como se fosse para outras pessoas”, vincou.
A trica política, recorde-se, começou com o secretário de Estado Duarte Cordeiro a lamentar a referência à “etnia de doentes com Covid-19” no bairro Quinta da Mina, seguidas das declarações do primeiro-ministro que diz “discordar” do autarca de Azambuja.
“Não passo a concordar consigo quando passo a discordar dos meus autarcas”, afirmou António Costa em resposta ao deputado do Chega, André Ventura, que questionou no Parlamento o líder do Governo sobre se existe um problema com ciganos no país, como admitiu o autarca de Azambuja. Aproveitando a maré, André Ventura ironizou com o facto de Luís de Sousa concordar com a sua proposta de confinamento de ciganos. E recorreu à ironia para lançar a dica: “Pode ser que o seu autarca seja o candidato do Chega à Azambuja nas próximas autárquicas”.
Também a JS-FAUL, em comunicado, lamentou as afirmações “discriminatórias” do autarca de Azambuja lembrando que “um socialista é um defensor da igualdade e um lutador contra todas as formas de discriminação como o racismo e a xenofobia” e que nenhum deve dizer “famílias de etnia cigana” e outras “famílias normais como nós”, em contexto algum.
Sobre esta chuva de críticas às suas afirmações, Luís de Sousa, diz que quer André Ventura quer os membros do Governo “falam sem ter conhecimento das matérias”, sublinhando que seria “preferível que delas se fossem inteirar”. “Aos jovens da JS digo-lhes que muitas vezes tomam decisões sem parar para pensar. Foi triste a forma como falaram sem conhecerem a realidade”, disse o autarca.

PS de Azambuja mantém confiança política em Luís de Sousa
Numa longa reunião, na noite de sexta-feira, 5 de Junho, a comissão política concelhia do Partido Socialista de Azambuja considerou que as afirmações de Luís de Sousa não são racistas, xenófobas ou discriminatórias. Liderada por Silvino Lúcio, também vereador na Câmara de Azambuja, a concelhia decidiu por unanimidade manter a confiança política no líder do município.
“Vou continuar este mandato como estou, com o PS”, afirmou a O MIRANTE Luís de Sousa depois da reunião, adiantando que nos próximos dias vai enviar uma carta ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a clarificar as suas afirmações sobre os moradores do bairro. Por sua vez a comissão política concelhia vai enviar missivas a António Costa na qualidade de secretário-geral do PS e à JS-FAUL.

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