Vereadora da oposição em VFX mas com a cabeça em Loures
Em Vila Franca de Xira a oposição ao executivo do PS, liderado por Alberto Mesquita, é, desde 2017, protagonizada por quatro vereadores da CDU, um da Coligação + e um do Bloco de Esquerda. A grande surpresa em termos políticos, tem sido o apagamento da cabeça de lista da CDU, Regina Janeiro que, nas eleições de 2017, veio do Barreiro para tentar acabar com o reinado socialista, que dura há mais de vinte anos. O que se passa pode ser explicado por falta de tempo. Derrotada nas urnas, Regina Janeiro assumiu a presidência de uma das empresas municipais do vizinho concelho de Loures, gerido pela CDU.
No executivo municipal de Vila Franca de Xira a oposição da CDU tem sido mais protagonizada por Nuno Libório, segundo na lista da coligação, do que, pela cabeça-de-lista, Regina Janeiro. É também Nuno Libório quem, geralmente, marca presença em actos públicos, em representação da CDU.
O facto do vereador ter sido cabeça-de-lista da CDU nas eleições de 2009 e 2013 estando como vereador da oposição há uma década e tendo, por isso, bom conhecimento dos problemas do concelho, não explica tudo. Afinal, foi relegado para o segundo lugar da lista para a mesma ser encabeçada por alguém que, apesar de ter estudado em Alverca na adolescência, há muito não tinha ligação ao concelho de Vila Franca de Xira.
Regina Janeiro foi vereadora a tempo inteiro, eleita pela CDU, na Câmara do Barreiro, durante doze anos, de 2005 a 2017, altura em que foi apresentada como candidata à presidência da Câmara de Vila Franca de Xira. Era uma espécie de “arma secreta” ou “enviada especial” para reconquistar uma câmara que o PCP perdeu em 1997.
Tendo sido derrotada e não podendo voltar à Câmara do Barreiro para ocupar um qualquer cargo de nomeação política porque a CDU perdeu aquela autarquia para o PS, foi, logo no mês seguinte às eleições, para presidente de uma empresa municipal de Loures, onde o partido tem maioria. Na prática tem a cabeça ocupada com coisas que não se passam em Vila Franca de Xira, mas no concelho vizinho.
Ser presidente do conselho de administração da GesLoures obriga-a a saber mais de Loures e a estar mais atenta ao que lá se passa, porque é um concelho onde nunca esteve.
Antes de ser vereadora no Barreiro, durante doze anos, Regina Janeiro foi adjunta do presidente da Câmara da Moita, entre Junho de 2002 e Outubro de 2005, e antes disso esteve em Évora, onde foi chefe de gabinete do presidente daquela autarquia, Abílio Fernandes (CDU), entre Fevereiro de 1998 e Janeiro de 2002. Na prática tem muita experiência política mas nunca esteve na oposição.
Em Vila Franca de Xira, Regina Janeiro tenta compensar o desconhecimento dos problemas do dia-a-dia dos munícipes com intervenções genéricas sobre a defesa dos direitos dos trabalhadores ou sobre definição de prioridades na aplicação de dinheiros públicos. Como se mantém em funções, é natural que volte a ser a cabeça-de-lista da CDU, nas eleições do ano que vem, mas, por vezes, dá mais a sensação de estar a treinar para deputada.
Para justificar faltas em iniciativas, acusa os serviços de não lhe enviarem os convites a tempo e horas, como se vivesse no estrangeiro e só lhe fosse possível saber o que acontece no concelho, onde é vereadora e foi candidata a presidente de câmara, através de solicitação.