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Familiares de morto trocado na morgue aguardam desculpas
foto DR Manuel Nobre

Familiares de morto trocado na morgue aguardam desculpas

Conselho de administração do Hospital de Santarém nega responsabilidades e volta a apontar o dedo a agência funerária.

A Agência Funerária Monteiro & Caneira, contratada para realizar o funeral de Manuel Nobre, e os familiares do idoso de Várzea Fresca, que foi sepultado por engano na campa de uma senhora de São José da Lamarosa, ainda aguardam um pedido de desculpas do Hospital de Santarém.
A O MIRANTE, o proprietário da Agência Funerária Monteiro & Caneira, Carlos Caneira, conta que, desde o incidente da troca de corpos na morgue do hospital, a 9 de Abril, nada se passou e ninguém foi contactado. O agente funerário confessa que tanto ele como os familiares de Manuel Nobre sofreram uma pressão psicológica muito grande naquele dia e mereciam pelo menos uma palavra. “Não resolvia, mas minimizava”, garante.
Carlos Caneira adianta ainda que a família de Manuel Nobre, de 73 anos, que morreu infectado com Covid-19, pondera avançar para a justiça para apuramento de responsabilidades. “A administração do hospital foi incansável, tal como as autoridades e o Ministério Público. Agora o serviço da morgue do hospital deixou muito a desejar e ainda se riram na nossa cara quando comentámos que o corpo tinha sido levado por engano”, refere.
Também o proprietário da Agência Funerária Jacinto, Joaquim Jacinto, que sepultou erradamente o corpo de Manuel Nobre em São José da Lamarosa (Coruche), continua a negar responsabilidades na situação e conta que, até agora, quase dois meses depois do sucedido, ainda não foi contactado por ninguém. O agente funerário de Coruche relembra que o funcionário da agência limitou-se a receber o corpo que lhe entregaram, referindo que devido à pandemia de Covid-19 os cadáveres estão dentro de sacos fechados, identificados com etiquetas.

Hospital diz que não houve falhas
O conselho de administração do Hospital de Santarém volta a apontar o dedo à agência funerária de Coruche e garante que os serviços mortuários desenvolveram a sua actividade sem qualquer falha. Refere que as agências funerárias devem garantir a identidade das pessoas que recolhem na morgue. Neste caso, adianta, a agência funerária em causa até entregou no hospital uma declaração comprovando o reconhecimento do corpo.
Num e-mail enviado ao nosso jornal, a administração aproveita para afirmar que o Hospital de Santarém conta, até ao momento, com uma dezena de mortes associadas a Covid-19, não tendo registado qualquer erro de procedimento ou de incumprimento das normas vigentes. “O Hospital de Santarém lamenta, uma vez mais, o sucedido e é solidário com a dor das famílias enlutadas que devem, nesta fase difícil das suas vidas, merecer o recato e o respeito de todos nós”, conclui.

Troca de corpos em véspera de Sexta-feira Santa
A recordar que a troca de corpos ocorreu na véspera de Sexta-feira Santa. Só no dia de feriado é que se deu pela troca quando a Agência Funerária Monteiro & Caneira não encontrou no hospital os documentos de levantamento do corpo. A PSP foi chamada ao local e tratou do processo de exumação de Manuel Nobre. O Ministério Público determinou que a GNR escoltasse o corpo até ao cemitério de Foros de Salvaterra. O funeral acabou por acontecer só pelas 18h30 dessa sexta-feira. A idosa ficou na morgue do Hospital de Santarém até sábado, dia que foi a sepultar.

Filha de Manuel Nobre estava infectada
Manuel Nobre já se encontrava doente em casa antes da pandemia, tendo sido vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Foi após a filha, funcionária na fábrica de transformação de tomate em Benavente, ter testado positivo à Covid-19 que surgiram as suspeitas de infecção do idoso, que foi internado no Hospital de Santarém.

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