Biblioteca de Rio Maior criou novas estratégias de leitura para responder à pandemia
Na Biblioteca Municipal Laureano Santos os livros são disponibilizados numa espécie de ‘drive-in’ depois de requisitados online. Uma forma de contornar a pandemia que obrigou a meses de confinamento. Lentamente o espaço vai voltando a ter vida e salas como a Poeta Ruy Belo ou a dedicada à Fundação António Quadros são disso exemplo.
A Biblioteca Municipal Laureano Santos, em Rio Maior, tem 9.500 utilizadores inscritos, grande parte deles activos. Anualmente ascendem a 25 mil os utilizadores do espaço, com novas instalações desde 2001. Um número que este ano irá certamente diminuir devido à pandemia que, no entanto, trouxe novos públicos com a aposta no online. “Nesta fase da pandemia criámos o ‘Book Drive’ onde os utilizadores fazem a sua requisição no catálogo online e depois a entrega é feita no ponto de recolha à hora marcada”, explica David Ferreira. A iniciativa está ainda em funcionamento e tem tido boa adesão, com cerca de 250 empréstimos, até ao momento, refere o técnico superior da biblioteca a O MIRANTE numa conversa a propósito do Dia Mundial das Bibliotecas, que se assinalou a 1 de Julho.
Na biblioteca que pertence à Rede de Bibliotecas do Concelho de Rio Maior e integra a Rede Intermunicipal de Bibliotecas da Lezíria do Tejo, as obras de autores estrangeiros mais requisitadas pertencem a Nora Roberts, enquanto José Rodrigues dos Santos lidera no universo dos livros portugueses. A frequência dos leitores assíduos de jornais na biblioteca é diária, no entanto, também estes tiveram que recorrer ao online durante a fase de confinamento.
Desenvolvendo-se maioritariamente num único piso, a biblioteca tem apenas na sala de leitura Poeta Ruy Belo um pequeno piso superior que se destina a espaço de leitura e convívio. A sala foi baptizada em homenagem ao poeta que nasceu no concelho de Rio Maior e é uma referência nacional e internacional. “O município está a virar-se para Ruy Belo e temos muitos estudantes e investigadores que procuram as suas obras”, sublinha David Ferreira.
Além de leitura, este espaço conta também com uma zona de audiovisuais e de consulta de jornais e é a mais utilizada, principalmente por adolescentes que ali podem usufruir de um espaço bem iluminado e com uma vista agradável para o jardim. Nesse jardim encontra-se um expositor em forma de mocho, fruto da iniciativa “Biblioteca Livre”, que disponibiliza livros 24 horas por dia. Já os mais novos têm os seus momentos de lazer, juntamente com os pais, na sala infanto-juvenil, com actividades durante todo o ano.
Outra das salas da biblioteca foi cedida a Mafalda Ferro, pioneira da Fundação António Quadros. É um espaço icónico onde estão representados um leque de artistas, intelectuais e escritores. Decorado com uma colecção de arte, alguns dos quadros expostos estavam ligeiramente tortos. A fundadora graceja que é sinal que são limpos. Aqui encontra-se também o arquivo e a biblioteca do livro antigo, quase toda ela com dedicatórias dos autores. O mais recente orgulho de Mafalda Ferro é a trilogia de António Quadros “Portugal Razão e Mistério”, lançada em Março deste ano.
A biblioteca não é só livros
“Queremos levar a biblioteca para fora de portas”, conta David Ferreira reforçando que não se pode estar à espera que o público apareça. Exemplo disso são projectos como o Literacias Digitais, Biblioteca Livre da Fundação Altice, Roda dos Contos, Bibliocafé, Ser Maior, Conta Histórias, Chá e Poesia, ou o Três Pontinhos com Histórias. Além destes projectos, a biblioteca promove exposições, debates, workshops e uma panóplia de actividades.
Além de David Ferreira, técnico licenciado em Ciências da Informação e da Documentação, com 48 anos, trabalham 12 pessoas na biblioteca, grande parte técnicos especializados, entre os quais um animador cultural e um técnico de informática.