“E do resto entender mal soletrar assinar em cruz”
O título deste texto é de uma canção de Rui Veloso chamada a gente não lê, de 1982. De então para cá o analfabetismo teimou em não desaparecer da nossa sociedade. São mais de meio milhão, as pessoas com mais de 10 anos que não sabem ler nem escrever, cerca de 22 mil no distrito de Santarém.
O analfabetismo é mais visível na população com mais de 65 anos, mas há pessoas analfabetas de diversas idades que geralmente vivem em zonas rurais. Portugal continua no topo da tabela dos países europeus com maior taxa de analfabetismo.
Esta persistência do analfabetismo a este nível tem como consequência a manutenção de desigualdades. E esta é uma desigualdade que raramente surge nos discursos políticos. Os analfabetos manifestam frequentemente o sonho de saberem ler e escrever. Para quando uma política de alfabetização de adultos eficaz em vez de iniciativas fugazes cujos raros resultados são apresentados apenas para justificar o dinheiro ali desperdiçado?
Maria Helena
Cruz Beselga de Sousa