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Associação quer tornar Benavente  uma terra mais atractiva para os jovens 
Joana Barnabé, Rafael Gaspar e Mariana Cortinhas fazem parte da AJB

Associação quer tornar Benavente  uma terra mais atractiva para os jovens 

São jovens e querem um concelho mais virado para aquilo que interessa às novas gerações. Joana Barnabé, Mariana Cortinhas e Rafael Gaspar integram a Associação de Jovens de Benavente e dizem que há falta de infra-estruturas e iniciativas de que possam desfrutar na terra onde vivem, estudam ou trabalham.

A Associação de Jovens de Benavente (AJB) nasceu há 23 anos para colmatar a falta de actividade desportiva e eventos direccionados para os jovens do concelho. Com o passar dos anos a criação de novos clubes conseguiu aumentar a oferta, mas continuam a faltar infra-estruturas desportivas acessíveis a todos. A opinião é de Joana Barnabé, 30 anos, presidente da direcção da AJB, que em entrevista a O MIRANTE destaca que a “inactividade de Benavente tem levado os jovens a procurar outros locais para viver”.
A colectividade tem lutado para acabar com as desigualdades de oportunidades e criar dinamismo através de eventos como concursos de bandas de jovens, festivais de música, torneios de basquetebol de rua e voleibol de praia. Há dois anos, lembra a tesoureira da AJB, Mariana Cortinhas, apresentaram uma proposta à Câmara de Benavente para a construção de um campo de voleibol de praia, já que o campeonato que realizam há mais de 20 anos atrai centenas de jovens do concelho e não só.
“Sabemos que existe a intenção para a construção de um complexo desportivo em Benavente, até 2021, o que seria espectacular, mas não temos visto obras a arrancar”, diz Joana Barnabé, notando a “falta de investimento em infra-estruturas para os jovens”. A associação também tem reivindicado junto das autarquias locais a colocação de tabelas de basquetebol nos campos exteriores do concelho.
Há vários anos que a AJB tem vindo a desenvolver um papel social voltado para a comunidade. Organizam a Feira do Livro, onde o valor angariado nas vendas reverte a favor de instituições e associações humanitárias do concelho, e numa parceria com a Junta de Freguesia de Benavente organizam actividades para os mais jovens nas férias de Verão.
Ideias novas não faltam a este grupo de jovens, mas as barreiras que encontram pelo caminho têm impedido a realização de mais eventos e até levado a abandonarem outros, como o Festival Âncora, um festival musical que realizavam anualmente. “Além da falta de apoios monetários são eventos que exigem meios humanos disponíveis e que não são fáceis de arranjar”, explica Joana Barnabé.

Depois da faculdade são poucos os que regressam
A AJB tem resistido à fuga dos jovens quer do concelho quer do associativismo, forçando as direcções a aguentarem-se ao comando durante mais tempo. Joana Barnabé e Mariana Cortinhas fazem parte da direcção há três mandatos seguidos, num total de seis anos. Querem passar a pasta aos mais novos e, por esse motivo, puxaram Rafael Gaspar, de 18 anos, para a conversa.
As dirigentes referem que se torna particularmente complicado envolver jovens entre os 20 e os 23 anos. “Corresponde à altura em que vão para o ensino superior e são poucos os que regressam, porque acabam por ficar nessas cidades a trabalhar”, observa a tesoureira, vincando que na terra onde nasceu há menos oportunidade de emprego.
A adesão dos jovens aos eventos, notam, também tem vindo a baixar. E a tendência, continua Mariana Cortinhas, é que “baixe ainda mais se não se fizerem eventos e não houver espaços que sejam atractivos e correspondam aos interesses” da juventude.
Rafael Gaspar, um dos 30 atletas que pratica voleibol na associação, concorda. Nas saídas nocturnas com os amigos poucas são as atracções que encontra na vila. “Vamos até à zona ribeirinha, sentamo-nos nuns bancos e ficamos por lá a conversar. Falta divertimento, mas jovens não faltam”, refere.
A Associação de Jovens de Benavente tem cerca de 150 sócios, dos quais apenas 25 são pagantes. “Não é fácil andar atrás das pessoas”, reconhece a tesoureira que tem de gerir um orçamento de despesa de cerca de três mil euros anuais. A Câmara de Benavente, além de lhes ter cedido uma sede no Pavilhão Gimnodesportivo, que consideram “pequena para o grupo”, apoia a associação com um subsídio anual de 1.700 euros.

Preço das habitações leva jovens a prolongar estadia em casa dos pais

As duas dirigentes associativas espelham aquela que acreditam ser a realidade de grande parte dos jovens que vivem e trabalham no concelho: aos 30 anos ou perto deles continuam a viver em casa dos pais. Os motivos? “São vários”, começa por referir Mariana Cortinhas, antes de os enumerar: “Primeiro porque financeiramente é muito mais confortável, depois porque os preços das casas em Benavente estão altíssimos”.
Vão adiando a mudança que “eventualmente vai surgir”, mas notam que no seu caso o mais provável é que se o trabalho continuar a ser em Benavente, a habitação também será. Por outro lado, alertam, a maioria dos jovens não procura casa em Benavente se não trabalhar no concelho. “Apesar de ter bons acessos para Lisboa, por exemplo, o facto de ser uma vila muito inactiva é um factor dissuasor para os jovens. O sossego é bom a partir de uma certa idade, mas para os jovens não. Queremos locais com iniciativas, como concertos, festivais e cinema”, afirma Joana Barnabé.

Associação quer tornar Benavente  uma terra mais atractiva para os jovens 

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