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Tertúlias foram decisivas na vitória do Colete Encarnado no concurso 7 maravilhas
Miguel Santos, Joana Teixeira, João Diogo e Nelson Lima

Tertúlias foram decisivas na vitória do Colete Encarnado no concurso 7 maravilhas

Movimento tertuliano de Vila Franca de Xira gastou muitos euros em votos telefónicos para ajudar a dar a vitória à festa da cidade no concurso das 7 maravilhas. Há orgulho na voz dos quatro tertulianos com quem O MIRANTE falou, mas também avisos à navegação: é preciso capitalizar a vitória e criar condições para receber melhor os visitantes.

A festa do Colete Encarnado de Vila Franca de Xira foi eleita em Setembro uma das 7 maravilhas da cultura popular portuguesa e na base dessa vitória esteve o empenho das tertúlias da cidade, que não se pouparam a esforços para mobilizar toda a gente que conheciam para ligar para os números de valor acrescentado.
Não é de estranhar por isso que os protagonistas avisem que é preciso não desperdiçar esta vitória e saber capitalizá-la em prol da cidade. Não apenas durante três dias em Julho mas durante o ano inteiro. O MIRANTE foi ouvir quatro das mais de meia centena de tertúlias existentes na cidade para saber como se empenharam e deram corpo – e dinheiro – para uma vitória que foi disputada até ao último segundo em Bragança.
“A festa ganhou com o empenho de muita gente e das tertúlias, incluindo do dinheiro de muita gente. Não nos podemos esquecer que as chamadas custavam mais de 80 cêntimos cada e houve quem votasse dezenas de vezes”, confessa João Diogo, fundador da tertúlia A Rambóia.
Quando as votações estavam a decorrer diz que andou em formato “pica miolos”, apelando a toda a gente que conhecia para votar. Criada em 2005, A Rambóia tem um dos acervos mais impressionantes da cidade e portas abertas aos visitantes na Rua Professor Reynaldo dos Santos. No início eram meia centena de sócios, mas os números foram caindo e hoje são cerca de uma dezena. “As 7 maravilhas foram uma grande vitória mas tem de ser uma vitória, que se capitalize em alguma coisa. Mais uma vez se provou que, ao contrário do que se julga, os taurinos não são uma minoria”, defende.

Uma amante chamada tertúlia
Nelson Lima e a esposa, Maria Lima, fundaram O Aficionado em Junho de 2006. Situada na Rua dos Varinos, é uma tertúlia aberta a toda a comunidade. “A tertúlia é nossa, mas tem como sócios todos os vilafranquenses porque entendemos que são pequenos museus ao serviço de Vila Franca de Xira”, diz a O MIRANTE. Nelson é um rosto conhecido da cidade, já promoveu exposições importantes na tertúlia e já levou turistas do centro da cidade ao Aficionado para lhes mostrar o acervo e as tradições. “Eu e a minha mulher temos a mesma amante, a tertúlia, que nos sai muito cara”, confessa com um sorriso.
Também ali se votou em massa no concurso televisivo até se perder a conta, que há-de chegar no correio este mês. “Já disse ao vereador do turismo que lhe vou mandar a factura do telemóvel”, brinca. Nelson diz que saber receber está no sangue vilafranquense e que esta era a derradeira oportunidade de meter uma festa taurina no mapa das maiores tradições populares do país.
“Agora ganhámos uma responsabilidade maior e temos de criar melhores estruturas para receber quem nos visita. As tertúlias representam uma parte muito importante da história do Colete. É preciso saber dá-las a conhecer e inovar a festa”, defende.

Um americano à descoberta dos toiros
Joana Teixeira tem 37 anos e é natural de Vila Franca de Xira. Desde pequena está ligada à tertúlia O Touril, fundada pelo seu avô. Também ali cada um deu o máximo para ver o Colete sair vencedor. “Vencer foi um reconhecimento da nossa terra e da cultura tauromáquica, a prova que ela resiste independentemente dos ataques. É uma grande responsabilidade passar estes valores às gerações vindouras e respeitar a essência do Colete Encarnado”, explica a O MIRANTE.
Fundada por um grupo excursionista, que habitualmente se reunia na antiga taberna “14 e 8”, O Touril nasceu da vontade dos convivas em ter um espaço para serões taurinos e refeições. O Touril foi crescendo e, como outras tertúlias, tem hoje um valioso espólio tauromáquico e 16 sócios. Também eles abrem as portas da sua casa a todos os interessados. “Um dia uma amiga de Vila Franca de Xira conheceu um americano que estava de viagem e convidou-o para vir descobrir a festa. Ele gostou e ficou cá três dias”, recorda.
Para Joana Teixeira o mais importante são as pessoas. E, por isso, mais do que falar do Colete entende que é preciso mostrar como é vivida a festa. “É muito mais do que copos na rua e sardinha assada à noite. Há rituais e momentos, comemorações e homenagens, que determinam a essência do Colete, não esquecendo o campino, a sua figura central. Há muito do Colete que as pessoas ainda não ficaram a saber nesta iniciativa”, defende.

Tertúlia mais antiga com casa nova

A Cirófila, a tertúlia mais antiga de Vila Franca de Xira, mudou-se para o cais da cidade e a casa está a receber obras para poder abrir ao público a tempo do próximo Colete Encarnado. Essa é a expectativa de Miguel Santos, presidente da tertúlia que tem 25 sócios e também abre as suas portas a toda a gente. Tem um vasto acervo que actualmente está guardado em casa de dois associados enquanto decorrem as obras. O dirigente conta, com um sorriso, que a Cirófila é quase como uma tertúlia itinerante, já que desde a sua fundação, a 11 de Novembro de 1969, este será o sexto espaço a inaugurar.
“As tertúlias são o maior símbolo da identidade cultural de Vila Franca de Xira. Umas vezes de costas voltadas, outras vezes juntas, cada uma delas tem dinâmicas de grande valor. É dos maiores patrimónios culturais que existem no país”, defende. Miguel Santos admite que toda a gente gastou imenso dinheiro a votar, várias vezes, para eleger o Colete Encarnado. Até fizeram um vídeo a incentivar amigos e conhecidos para ligarem. “Não tenho dúvidas que a eleição se deveu ao movimento tertuliano. Toda a gente se uniu”, conclui.

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