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Ocupações e desocupações  com imagens oníricas de maconha 

Hedonista Serafim das Neves

A Quinta da Torre Bela, em Alcoentre, ficou famosa a seguir ao 25 de Abril por ter sido ocupada por militantes de extrema esquerda que ali queriam fazer a reforma agrária. Agora, quarenta e cinco anos depois, a quinta vai voltar a ser ocupada, mas por capitalistas, que ali querem implantar um mega projecto de energia fotovoltaica. Ironias da história.
Os da ocupação revolucionária, acho que nem batatas chegaram a produzir. Os da ocupação fotovoltaica, para além de irem ganhar milhões, já prometeram criar uns empregos asseados para o pessoal que não quer sujar as mãos na terra, dado que vão produzir energia limpa. E ainda há por aí quem suspire pelo regresso ao passado.
Não muito longe dali, em Benavente, o presidente da câmara, Carlos Coutinho, também sonha com um aeroporto no campo de tiro de Alcochete, não por causa de Alcochete, que ele não é presidente lá, mas porque uma parte de terreno é no seu concelho.
Há quem pense que é tempo perdido e que ele nunca vai ter hipóteses de estar no gabinete a olhar pela janela e a ver passar aviões carregadinhos de turistas. É verdade que o primeiro-ministro, quando recusou o convite para ir ver a passarada lá pelo campo, mandou dizer que o novo aeroporto de Lisboa vai ser feito no Montijo mas, como tudo na política é resvaladiço, quem sabe o que vai acontecer.
Se ninguém sabe quando haverá vacina para o Covid-19, nem se será eficaz, muito menos se sabe sobre a localização do aeroporto e não é a palavra de um primeiro-ministro que nos esclarece porque, neste caso, vale tanto como a da doutora Graça Freitas da DGS quando no início da pandemia disse que era apenas mais uma gripe.
É verdade que ela acrescentou logo que podia não ser assim e que, no caso de António Costa, ele disse que será mesmo assim, mas convém olhar para o histórico rol de disparates que já foram produzidos a propósito do novo aeroporto.
Lembro apenas, por ter sido o mais hilariante, que em 2007, o então ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Mário Lino, falando sobre a possibilidade de o aeroporto ser feito na margem Sul, disse a palavra mágica, “jamais” (lê jámé porque ele falou em francês para percebermos melhor).
A GNR de Almeirim andou ocupada a cortar e armazenar 14 toneladas de canábis, produzida por um agricultor local. Na altura fiquei satisfeito por ver o apoio das autoridades à lavoura mas, pelo que li mais tarde, a colheita não irá ser entregue ao dono e o mais certo é ser destruída.
Cá está, mais uma vez, a lógica capitalista a funcionar. Passa-se o mesmo com as maçãs e as batatas. Em anos de super produção há quem enterre o excedente para os preços não descerem devido ao aumento da oferta. Ou seja, quem costuma fumar umas “brocas”, vai ter que continuar a pagar o exagerado preço que já paga.
E o pior é que um dia destes começam a vender o produto nas farmácias e quem vai lucrar é a indústria farmacêutica. O produtor está sempre lixado. Suporta todos os custos e caprichos do tempo e quem enriquece... são os intermediários.
Saudações canabi-relaxantes
Manuel Serra d’Aire

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