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Mil hectares em Azambuja  para mega centrais fotovoltaicas
Luís de Sousa

Mil hectares em Azambuja  para mega centrais fotovoltaicas

Projectos que podem ocupar cerca de mil hectares ainda não avançaram mas já estão envoltos em polémica, com a aprovação do interesse público municipal. Oposição fala num “inferno” em forma de espelhos. Munícipes temem impacte ambiental e há quem sugira um referendo.

A Câmara de Azambuja, de maioria socialista, aprovou a declaração de interesse público municipal para a instalação de duas mega centrais fotovoltaicas no concelho que vão ocupar, no seu conjunto, uma área de 975 hectares. O estudo de impacte ambiental ainda não existe e as entidades licenciadoras ainda não se pronunciaram. A CDU votou contra a proposta, tal como o PSD que diz isentar-se desde já das responsabilidades que venham a resultar da deliberação.
Uma das centrais, se o projecto for avante, vai instalar-se na Quinta da Torre Bela, em Aveiras de Cima, junto à Companhia Logística de Combustíveis (CLC), numa área de 775 hectares onde vão ser fixados mais de 650 mil painéis solares. A outra vai ocupar 200 hectares de terreno agrícola na lezíria do Tejo, em Vila Nova da Rainha. O total de área destinada corresponde a aproximadamente 975 campos de futebol cobertos por milhares de painéis destinados à produção de energia solar.
O presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa (PS), considera que não há para já “inconveniente nenhum” na instalação destes projectos. Ainda do lado dos socialistas foi o vereador António Matos quem mais se debateu com a oposição que contestou fortemente as propostas.
O que está em causa, afirmou António Matos em resposta às perguntas do PSD, não é apenas o interesse municipal, mas o nacional e até mundial, por se tratar de investimentos que vão ajudar à redução dos níveis de emissões de CO2 na produção de energia. Sobre o impacto visual que os projectos vão trazer, afirmou que “para a vista vai ser mau”, mas “têm que ir para algum sítio”.

Oposição e populares estão contra
Admitindo que estes projectos “tenham interesse para o país e para o planeta”, o vereador do PSD, Rui Corça vincou que “não têm é para Azambuja a esta escala” e que por isso “o PSD é frontalmente contra”. Mas há mais motivos: “a sua aprovação abre a porta para um inferno com precedentes. Um é que se ocupe solo agrícola de primeira qualidade com uma infra-estrutura deste tipo, durante 40 anos. O outro é permitir-se a ocupação do solo a uma escala completamente absurda, no caso da Torre Bela”.
Rui Corça alertou ainda que o “calor brutal” que vai ser reflectido junto às zonas onde vão ser instalados os painéis pode pôr em causa o “desenvolvimento da fauna e flora” e causar problemas nas linhas de água.
Também a CDU, que maioritariamente aprova as propostas dos socialistas, votou contra. Mara Oliveira reconheceu não ter “informações suficientes para votar favoravelmente” os projectos que inclusive carecem de um estudo de impacte ambiental.
Estes negócios, que prometem ser relevantes no desenho do mercado ibérico de eletricidade da próxima década, também não agradam a alguns populares do concelho e há quem ache que a matéria deve ser referendada. Temem sobretudo o impacte ambiental irreversível que pode acabar com a vida de pássaros, veados e javalis que fazem da Quinta da Torre Bela o seu habitat.

Luís de Sousa admite alterar taxas para investimentos deste tipo

O presidente da Câmara de Azambuja admitiu a possibilidade de ser criado um novo regulamento para este tipo de investimentos que contemple taxas mais pesadas, desincentivando dessa forma a criação de mais parques fotovoltaicos. Uma medida, referiu, à semelhança da que está a ser criada pela Câmara de Nisa, para que no futuro o concelho possa estar salvaguardado. De acordo com Luís de Sousa, há já uma outra empresa com intenção de instalar uma central fotovoltaica, em cerca de 70 hectares, na Quinta da Cera, nas Virtudes.

Mil hectares em Azambuja  para mega centrais fotovoltaicas

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