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Não é realizar os sonhos que traz satisfação mas sim lutar por eles 
Gonzaga Rodrigues, Célia Monteiro e Ana Paula Arroz

Não é realizar os sonhos que traz satisfação mas sim lutar por eles 

Viajar, ter um filho, aprender a tocar um instrumento ou terminar um projecto com mais de 40 anos. Os sonhos são pessoais e intransmissíveis e, tal como os gostos, não se discutem. A propósito do Dia Mundial do Sonho, que se assinalou a 25 de Setembro, O MIRANTE conversou com três sonhadores confessos.
O dicionário apresenta duas definições para a palavra ‘sonho’. Uma refere-o como o conjunto de ideias e de imagens que se apresentam ao espírito durante o sono; outra designa-o como utopia, imaginação, fantasia, devaneio, ilusão ou felicidade. Foi com esta última perspectiva em mente que O MIRANTE conversou com Célia Monteiro, Ana Paula Arroz e Gonzaga Rodrigues.
“Eles não sabem, nem sonham / Que o sonho comanda a vida”. É com os versos de Pedra Filosofal de António Gedeão que Célia Monteiro começa a conversa com O MIRANTE a propósito do Dia Mundial do Sonho. Para a reformada, da Póvoa de Santa Iria, a pandemia cortou os sonhos a toda a gente e só quando se for embora poderemos voltar a sonhar. “Quando surgiu a Gripe Espanhola, entre 1918 e 1920, aconteceu o mesmo. Estes momentos na história são como interrupções em que o mundo não pula e avança”, diz.
Célia, de 66 anos, é cuidadora informal da mãe, a três anos de completar um século de vida, e diz já ter concretizado alguns sonhos, como o da viagem aos Açores. Enquanto a mãe for viva, sente-se presa numa cadeia com as chaves na mão. E, embora ainda acalente o sonho de visitar o Japão, enfatiza que o seu maior sonho agora é manter-se saudável e viver o dia-a-dia.
Quando tinha aberta a loja de electrodomésticos, que geria na Póvoa, participava no concurso anual de presépios e ganhar tornou-se um hábito. Era uma actividade que a fazia regressar à infância e, como refere “temos que ser crianças a vida inteira, senão a vida é uma grande chatice”. Célia confessa-se uma sonhadora. Umas vezes os seus sonhos concretizam-se, outras não, mas isso não a demove de sonhar. Afinal, como dizem os especialistas, e Célia subscreve, o que traz mais satisfação não é realizar completamente os sonhos, mas sim lutar por realizá-los.

O sonho concretizado de ter um filho
O grande sonho da vida de Ana Paula Arroz foi concretizado há 18 anos, com o nascimento do filho. Um filho que, nas palavras da mãe “tem sido um orgulho”. Quando falámos com Ana Paula ainda não eram conhecidos os resultados do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior e a mãe confessava que o sonho do filho era conseguir colocação em Direito.
“Somos muito pragmáticos e os nossos sonhos reflectem isso”, afirma entre risos, acrescentando que também sonha com viagens para paragens longínquas, mas por enquanto vai explorando Portugal a partir de Santarém, onde reside e trabalha como técnica administrativa. Além do pragmatismo, Ana Paula, de 49 anos, destaca outro traço da sua personalidade, a persistência: “Tanto a nível pessoal como profissional gosto de sentir que consigo alcançar os sonhos ou objectivos. Faço tudo o que está ao meu alcance, sem passar por cima de ninguém. Se me proponho uma determinada coisa sou muito empenhada em concretizar”, remata.

Um jardim romano em Glória do Ribatejo
A persistência é também um traço característico de Gonzaga Rodrigues, cujo sonho de concretizar um jardim romano o acompanha há 40 anos. A obra, em Glória do Ribatejo, vai evoluindo aos poucos, mas sem grandes alterações ao projecto inicial. Inclui um aqueduto para transporte de água, um rio, uma ilha e um lago, tudo feito em tijolo antigo. Irá também ter mosaicos com figuras romanas, assim haja tempo.
“O jardim é uma forma de me manter ocupado depois de mais de 20 anos a trabalhar na EPAL”, conta Gonzaga, acrescentando que não tem feitio para estar parado. Tem 67 anos e sonha viver até aos 120 para poder realizar todos os projectos que tem na cabeça. Apaixonado por história, sonha visitar locais da civilização romana. Por enquanto explora os vestígios romanos em Portugal, como Conímbriga, em Coimbra, ou Vila Cardílio, em Torres Novas.
Na sua fotografia de perfil no Facebook surge com uma viola, mas confessa que não sabe tocar. “Adoro música e ainda hei-de aprender a tocar. É um sonho a concretizar”, remata.

Não é realizar os sonhos que traz satisfação mas sim lutar por eles 

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