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Apita o comboio,  lá vai a apitar, e ao Anacleto ninguém tira do lugar

Facundo Manuel Serra d’Aire

A CP e alguns daqueles estudos que valem o que valem têm garantido que as regras de distanciamento social são observadas nos comboios e que o uso dos transportes públicos não potencia só por si o risco de propagação da Covid-19. Eu acreditava ingenuamente nessas sentenças até há poucos dias, quando o país teve notícia de um vídeo que percorreu a Internet com a mesma velocidade com que o coronavírus se propaga. O vídeo amador mostrava dois rapazes e uma rapariga entregues alegremente a práticas sexuais hardcore 1º escalão numa carruagem de um comboio da Linha de Azambuja.
O vídeo não tinha grande qualidade, ao contrário do elenco, que me pareceu com capacidade e atributos artísticos para ir longe nesse popular ramo de actividade. Mas o que ressalta da curta-metragem, e isso é que verdadeiramente me preocupa, é que nos comboios da CP não só o distanciamento social é infringido à descarada como, para cúmulo, há passageiros a viajar não só com a boca e nariz descobertos mas também com outras partes do corpo destapadas que habitualmente não andam ao léu... E isto sem que apareça um revisor ou uma doutora Graça Freitas para os pôr na linha! Vamos rezar para que não saia dali um surto de Covid ou de doenças venéreas.
Depois da Festa do Avante e das peregrinações a Fátima, a última grande vaga de indignação covidesca nas redes sociais e nas mesas de café teve origem na tourada que reuniu alguns milhares de pessoas e meia dúzia de touros e cavalos na Praça de Touros de Santarém. Foi uma grande manifestação de apego dos aficionados à arte taurina, em parte graças a bilhetes à borla, alguns oferecidos pelo município - o mesmo município que tão profiláctico tem sido quanto aos ajuntamentos e ao distanciamento social que até suspendeu novamente as reuniões de câmara presenciais, não fosse a malta infectar-se toda e o concelho ficar sem governo.
O provedor da Misericórdia de Sardoal está no cargo há mais de três décadas e é um bom exemplo de abnegação e voluntarismo em prol da comunidade. Apesar da sua já provecta idade e de ter a possibilidade de ser dono do seu tempo, Anacleto Batista, assim se chama o senhor em causa, quer prosseguir com denodo a sua missão (pelos vistos vitalícia) de dedicação à Santa Casa. E, por isso, ignorou olimpicamente o apelo do presidente da assembleia-geral da instituição para que se demitisse.
Disse o provedor a este jornal que nunca na vida se demitiu ou demitirá de funções. Mas nem precisava de o ter dito. Quem consegue estar mais de trinta anos num cargo dificilmente pode ser conotado com aquele tipo de gente tíbia que desiste às primeiras. Não, Anacleto não é desses, embora possa inculcar nos cérebros mais retorcidos a ideia de que está agarrado ao lugar como lapa à rocha. O que, obviamente, não corresponde à verdade. E, se têm dúvidas disso, basta perguntarem-lhe...
Um abraço virtual do
Serafim das Neves

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