Casal de idosos da Parreira é acompanhado pela família
A notícia de O MIRANTE, da edição de 24 de Setembro, que dava conta das más condições em que um casal de idosos vive na Parreira, tem novos desenvolvimentos. Diogo Silva é neto do casal e deu a cara para explicar que os avós estão a ser acompanhados pela família e vivem em condições dignas. O MIRANTE voltou à Parreira e entrou na casa de António e Ricardina Mendes.
Ricardina e António Gil Mendes são um casal de idosos da Parreira, concelho da Chamusca, que tem sido protagonista de muitas conversas e comentários nas últimas duas semanas. A notícia de O MIRANTE, da edição de 24 de Setembro, que dava conta das más condições em que o casal vive, tem novos desenvolvimentos. Diogo Silva é neto do casal e convidou O MIRANTE para visitar os avós e ver com os próprios olhos que vivem em boas condições e estão a ser acompanhados pela família.
Ao contrário do que se comenta na aldeia, e das várias denúncias que chegaram à caixa de correio do nosso jornal, é o próprio casal que quer permanecer na casa onde reside há mais de duas dezenas de anos. “Estamos aqui tão bem. Temos o nosso neto que nos visita todas as semanas e as senhoras do Centro de Dia da Parreira cuidam bem de nós. Ainda por cima com este vírus, ir agora para um lar podia ser a morte do artista”, explica, com um sorriso, António Mendes.
A única coisa que falta ao casal é a saúde de outros tempos. António, 84 anos, trabalhou nos campos agrícolas até uma doença o ter prendido a uma cama há mais de uma dezena de anos. Ricardina, 86 anos, começou a sofrer de demência há cerca de quatro anos. Foi nessa altura que se começou a comentar na aldeia que os idosos deveriam ser transferidos para um lar, porque a família só queria saber deles para lhes ficar com as reformas.
Diogo Silva explica ao repórter de O MIRANTE que as pessoas estão a ser injustas e que falam sem conhecimento de causa. O jovem, de 29 anos, vive e trabalha no Entroncamento, e pelo menos duas vezes por semana desloca-se à Parreira para ver os avós e passar algum tempo com eles. É também responsável por gerir o dinheiro do casal e pagar as despesas mensais ao centro de dia. O resto, diz, é guardado numa conta para alguma eventualidade.
A conversa decorreu numa tarde de sábado, na sala de estar da casa de Ricardina e António. A meio chegaram duas funcionárias do centro de dia para servir o jantar e fazer a higiene. O convívio durou cerca de uma hora e meia e só foi interrompido porque estava prestes a começar o “Preço Certo”, um programa de entretenimento que faz parte das rotinas diárias dos dois idosos.
Já cá fora, e depois de questionado sobre se os avós não estariam melhor se fossem para um lar a tempo inteiro, Diogo explica que não pode ir contra a vontade do seu avô. “Já surgiu essa oportunidade mas tinham de ser separados. A avó ia para a Golegã e o avô ficava no Chouto. Ele quer passar o resto dos dias perto da minha avó”, esclarece.
A entrega de Diogo aos avós é uma forma de agradecimento pelos ensinamentos e aprendizagens que adquiriu a ouvir as suas histórias de outros tempos. “Fiquei sem pai muito novo. As minhas férias de Verão eram passadas aqui. Não estou a ajudar mais do que eles me ajudaram a mim”, conclui.