Comecei a dar mais atenção às iluminações de Natal depois de ouvir, há muitos anos, uma história contada pelo então presidente da Câmara de Pucioasa, uma vila romena geminada com o Cartaxo.
Mircea Simion contou-me que no tempo do regime de Ceausescu foi a Paris, na altura do Natal, integrando uma comitiva de quadros técnicos da área dos têxteis. Ainda vinha maravilhado com a iluminação natalícia daquela cidade quando mergulhou na escuridão da sua terra.
Era véspera de Natal e o presidente tinha ordenado um dos muitos cortes de energia destinados a poupar. Ele estava empenhado em construir o seu monumental palácio e o povo pagava a factura. Não havia luz nem aquecimento, nem dinheiro para comprar comida. “Foi o Natal mais triste da minha vida”, disse-me o autarca.
Todos conhecemos pessoas que são contra as iluminações de Natal. Só dão despesa, dizem, despesa paga pelo dinheiro público numa altura em que há esta enorme crise.
Talvez tenham razão, mas eu gostava muito que, principalmente neste ano negro e sem Natal, as ruas estivessem iluminadas. Pior que viver uma pandemia, só mesmo viver uma pandemia… às escuras.
Fernando de Carvalho