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Governo despreza Lezíria do Tejo  por falta de poder e influência da região
Pedro Ribeiro

Governo despreza Lezíria do Tejo  por falta de poder e influência da região

Presidente da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo, Pedro Ribeiro, que representa onze municípios, ressuscita ideia de se criar uma CCDR só para o Vale do Tejo e Oeste, desagregada de Lisboa. O autarca de Almeirim admite que não há na região gente com influência política em Lisboa.


O Governo tem desprezado a região da Lezíria do Tejo porque esta não tem poder nem influência política em Lisboa e a prova disso é que nem sequer uma obra foi incluída no Plano Nacional de Investimentos (PNI 2030) para os próximos dez anos. Isso mesmo é reconhecido pelo presidente da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) e da Câmara de Almeirim, Pedro Ribeiro, autarca socialista. “É verdade que não temos ninguém que tenha destaque em Lisboa”, admite taxativamente o autarca.
O presidente da CIMLT, que representa onze municípios, diz que há pessoas com competências e com trabalho feito na região, mas lamenta que isso só não chegue para afirmar a Lezíria do Tejo. “A vida é o que é”, desabafa em declarações a O MIRANTE. O autarca não foge a dizer que a não inclusão da região no plano de investimentos, com obras estratégicas importantes para o desenvolvimento, como o desvio da Linha do Norte na zona de Santarém ou a construção do IC3 entre Almeirim e Barquinha, deve-se a uma divisão a que a Lezíria está sujeita e que por sua vez também diminui a influência junto da administração central.
O facto de a Lezíria estar inserida em duas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento regional (CCDR), a de Lisboa e Vale do Tejo e a do Alentejo, é o principal motivo que retira poder e capacidade de afirmação. As estratégias para a região são definidas na CCDR de Lisboa e Vale do Tejo, mas o dinheiro dos fundos comunitários é atribuído pela CCDR do Alentejo. Apesar de dizer que tem excelentes relações políticas e pessoais com os dirigentes das duas entidades, Pedro Ribeiro reconhece que a situação só tem prejudicado a região. “O Alentejo trata da estratégia do Alentejo e nós somos um apêndice. Lisboa e Vale do Tejo tem mais de dois milhões de pessoas na Área Metropolitana e não tem que se preocupar com os cerca de 240 mil habitantes que nós temos”, explica.
A solução passa por retirar o Vale do Tejo da região de Lisboa e criar uma CCDR nova, autonomizando a Área Metropolitana de Lisboa. A ideia de se juntar Lezíria, Médio Tejo e Oeste numa unidade territorial (NUT) não é nova. A situação tem sido falada algumas vezes, mas sem grandes motivações e chega a estar esquecida, fora da luta política e dos discursos anos a fio. O que agora aconteceu com o PNI 2030 vai abrir os olhos aos autarcas e fazê-los mexer, a avaliar pela posição de Pedro Ribeiro.
O presidente da CIMLT diz que, para já, há entendimento entre as três sub-regiões para a criação de uma unidade de Investimentos Territoriais Integrados que permite uma estratégia comum, em que é possível ir buscar dinheiro europeu para investimento ao Alentejo, ao Centro (por incluir o Oeste e Médio Tejo) e a fundos nacionais. Este é o primeiro passo para o que pode vir a ser uma CCDR do Vale do Tejo e Oeste, assim os autarcas façam força e consigam convencer a administração central a fazer essa reorganização administrativa.
Das obras que foram esquecidas pelo Governo, Pedro Ribeiro considera que o IC3, de ligação à Chamusca, que resolve o problema de centenas de camiões com resíduos, alguns perigosos, a atravessarem Almeirim, Alpiarça e Chamusca, é o maior escândalo. A Chamusca e os autarcas da região acreditaram no Governo, que tinha prometido este itinerário, aquando da construção dos aterros sanitários na Carregueira (Chamusca). A situação dos resíduos, que era um problema nacional, foi resolvida e o Estado passou a ignorar a região. Pedro Ribeiro classifica a situação como uma falta de vergonha dos sucessivos governos.

Opinião

Quando não há pão....

Pedro Ribeiro é um dos melhores autarcas da região e, certamente, um dos melhores do país. Quem conhece o seu trabalho sabe das suas qualidades de dirigente. Nem tudo são rosas. Quem trabalha directamente com um funcionário que censura jornalistas de forma infantil também há-de ter defeitos pouco recomendáveis. Mas isso é outra conversa e para outra altura. Pedro Ribeiro é ainda um político de conversas mais do que de gritos; de fazer mais do que mandar fazer; de reunir mais do que de dividir. Este grito do Ipiranga de um homem do PS, com história no PS, significa uma mudança de paradigma na actuação dos autarcas da região que comem e calam com regularidade e não têm uma liderança de respeito? Os autarcas fraquinhos que ainda não sabem o caminho para Lisboa vão ter acesso a programas de formação do partido a nível distrital para somarem mais do que para diminuírem?
O líder da distrital vai começar a trabalhar para que o PS não tenha a imagem de uma associação lobista que recebe empresários no restaurante da Assembleia da República e faz disso o seu principal trabalho em prol da região ? Quem é que é capaz de meter a boca no trombone e, de uma vez por todas, meter na linha esta gente que faz da política uma feira de vaidades? Pedro Ribeiro é sem dúvida o homem certo para o fazer. Espero que não lhe falte coragem.

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