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Autoridades fiscalizam ganadaria ilegal que atormenta Aveiras de Cima
Vistoria decorreu sob o olhar atento dos populares

Autoridades fiscalizam ganadaria ilegal que atormenta Aveiras de Cima

Direcção-Geral de Veterinária e Direcção Regional de Agricultura e Pescas fiscalizaram exploração pecuária com historial de incumprimento e alvo de queixas da população. Câmara de Azambuja acusa autoridades de sacudirem a água do capote, quando há gado bravo à solta na estrada e junto a habitações.

O futuro de 140 toiros e vacas bravas de uma exploração ilegal em Aveiras de Cima, que tem atormentado a população, vai ser decidido em breve pela Direcção-Geral de Veterinária (DGAV) e Direcção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) de Lisboa e Vale do Tejo. Pelo menos foi essa a convicção deixada, após a acção de fiscalização realizada no dia 27 de Outubro por técnicos das duas entidades, acompanhados pela GNR e Protecção Civil.
A exploração não tem licença e os animais, que estão ao abandono desde que o proprietário foi preso por violência doméstica, são alimentados com restos de batatas, despejados por uma empresa produtora. Tal como O MIRANTE tem vindo a noticiar, quando não têm o que comer, os bovinos derrubam as vedações em arame em busca de alimento, amedrontando a população, pondo em risco a segurança rodoviária e causando prejuízo aos agricultores da zona.
O proprietário da ganadaria não nomeou ninguém para se fazer representar durante a vistoria. No entanto, apareceram para alimentar o gado, com alguns fardos de palha, os pais do proprietário, também eles ganadeiros numa exploração em Vila Nova de São Pedro. Algo “inédito”, segundo os populares ali presentes.
“Estamos cansados desta situação e exigimos uma solução. Já tive de acudir uma idosa que ficou horas em cima de uma oliveira com bois de 500 quilos à volta dela”, conta indignada Maria José Abreu. O seu pai, Rafael Abreu, soma também muitos sustos com as fugas dos animais, mas o que mais o preocupa, diz, “é o prejuízo incalculável” na vinha que viu ser destruída pelos bovinos esfomeados. “Comeram as uvas e partiram as cepas. Tive cerca de 7 a 8 mil quilos de uvas a menos e ainda me estragaram o sistema de rega gota a gota”, diz.
A morar a poucos metros da exploração, Maria dos Santos nem precisou de sair de casa para advertir as autoridades sobre o perigo que tem corrido. “Estavam à minha porta a comer. O meu marido teve que soltar os cães para correrem com os bois para irmos para o hospital”, contou, para depois exigir uma solução urgente.
Também a GNR e a Protecção Civil relataram ocorrências de acidentes de viação provocados pelos animais, observando que aquela localização, muito próxima de estradas e habitações, não é sítio para uma exploração de gado bravo. O coordenador municipal de protecção civil de Azambuja, Nuno Fonseca, salientou ainda que “está em risco a vida das pessoas” e, sendo estas entidades conhecedoras da situação, “não podem ser coniventes com ela”.

Autarca de Azambuja aponta o dedo à DRAP e DGAV
A forma como foi feita a vistoria deixou estupefacto o vice-presidente da Câmara de Azambuja, Silvino Lúcio (PS), que questionou como se avalia o bem-estar animal do lado de fora da vedação. O autarca destacou ainda que a exploração está por licenciar há cerca de 10 anos e que tanto a DRAP como a DGAV têm andado a sacudir a água do capote, evitando tomar uma decisão, quando há vidas em risco.
Por sua vez, Rui Cordeiro, chefe da divisão de licenciamento da DRAP, garantiu que esta entidade só tem conhecimento da existência da exploração há menos de um ano e que já foi notificado o proprietário. Questionado por O MIRANTE sobre o futuro da exploração, localizada a poucos metros do centro da vila, Rui Cordeiro afirmou apenas ser prematuro tomar uma decisão. À mesma pergunta, a técnica da DGAV remeteu resposta para a direcção dos serviços de Lisboa e Vale do Tejo que, contactados por O MIRANTE, ainda não deram qualquer resposta.

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