Amigos do Forte da Casa denúnciam atentados ao património histórico
Associação Cívica Os Amigos do Forte alerta para agressões ao património nacional e apela à intervenção urgente da fiscalização municipal. Largo principal da vila está a receber obras de 320 mil euros.
Restos de lancis, pedras, detritos de reboco, resíduos de asfalto e montes de terra foram despejados sem qualquer protecção em cima das centenárias muralhas que são património nacional do reduto 38 no Forte da Casa. A situação tem gerado críticas na comunidade.
No local estão a ser feitas obras no valor de 320 mil euros para valorizar o local, mas a ideia proposta não reúne consenso na comunidade. Eduardo Vicente, líder da Associação Cívica Os Amigos do Forte, alerta para a deposição desordenada de materiais junto às muralhas do antigo forte das Linhas de Torres, construído no início do século XIX durante as invasões napoleónicas, e diz que se está perante um ataque ao património. Teme mesmo que já tenham sido causados danos em alguns locais da estrutura.
A associação já remeteu um pedido de esclarecimentos para a Câmara de Vila Franca de Xira. O município confirma que houve uma inadequada deposição de resíduos por parte do empreiteiro da obra e que este já foi alertado para remover de imediato os materiais da proximidade da muralha. “No decorrer da obra será respeitada uma distância de segurança para a muralha”, garante.
As obras no largo do Forte da Casa, espaço central e icónico daquela localidade, arrancaram na última semana. É um investimento que ronda os 320 mil euros. O local rodeia o centro interpretativo das Linhas de Torres ali existe. Junto ao reduto 38 está a ser criada uma nova bolsa de estacionamento com 54 lugares, incluindo novos passeios e zonas pedonais.
Além das demolições, limpezas, abates e podas de árvores que serão feitas na zona, serão colocadas novas redes de rega, novas plantações arbóreas e sementeiras. Também o mobiliário urbano existente vai ser retirado para ser substituído por novo.
Serão feitas rampas de acesso entre as diversas áreas do parque, novo pavimento em calçada e colocados novos relvados, árvores e arbustos. O destaque da obra vai também para a construção de um novo parque infantil alusivo às invasões francesas. Só o parque deverá custar perto de 135 mil euros.
“Do nosso ponto de vista o estacionamento e o parque infantil em nada contribuem para a dignificação deste local”, considera Eduardo Vicente, defendendo que a valorização do reduto 38 deveria ser feita no âmbito de um projecto mais abrangente e concertado com as forças armadas. As obras em curso têm conclusão prevista para Janeiro de 2021.
Fortes precisam de atenção
O responsável da associação cívica lembra que nas proximidades existem outros três redutos das Linhas de Torres, o 35, 36 e 39, que precisam de manutenção e valorização. “Estão de alguma maneira abandonados. No 35 há uns anos limparam o espaço e meteram uma vedação, mas desde então nunca mais se fez nada no sentido de valorizar estes redutos e numa parte a vedação até já está destruída”, lamenta.