Vale da Pinta queixa-se de falhas de água constantes
Canalizações têm mais de meio século e roturas são frequentes prejudicando a população e comércio.
Ana Cristina Canteiro confessa estar cansada das constantes falhas de água nas torneiras que impedem o normal funcionamento da sua loja “Cantinho das Anas” em Vale da Pinta. As falhas no abastecimento de água são frequentes nesta freguesia do concelho do Cartaxo há muito tempo, mas no último ano têm-se intensificado. A sua loja tem espaço de pastelaria e todos os dias serve bastantes cafés. A máquina tem caldeira, mas quando a água esgota é impossível servir cafés e os clientes têm que esperar. É normal alguns clientes desistirem de tomar o seu café porque por vezes a água demora a ser reposta.
A empresária conta a O MIRANTE que telefona várias vezes para a Cartagua, concessionária do abastecimento de água e saneamento no concelho, mas nem sempre obtém resposta. “A Cartagua só serve para pagarmos porque não desempenha um bom serviço junto dos seus clientes. É desesperante quando queremos trabalhar e não podemos porque não temos água”, lamenta.
Adélia Maria trabalha no bar da Sociedade Cultural e Recreativa de Vale da Pinta há vários anos. Há cerca de duas semanas, durante o fim-de-semana, faltou água no preciso momento em que se preparava para servir um café ao cliente. Sempre que deixa de correr água nas torneiras a loiça utilizada tem que esperar para poder ser lavada na máquina. “Temos sempre um garrafão cheio com água para prevenir estas situações, porque está sempre a acontecer”, afirma.
Rui Martins tem um café e padaria no centro da vila há 19 anos. Quando se estabeleceu, em 2001, já existiam falhas frequentes no abastecimento de água. Por isso construiu um depósito no seu estabelecimento, o que faz com que nunca lhe falte água. “Faço milhares de pães diariamente. Não poderia trabalhar se a água estivesse sempre a faltar. As canalizações são antigas, têm mais de 60 anos, vão rebentando e enquanto arranjam as pessoas vêem-se privadas de um bem essencial que é a água”, refere, acrescentando que o principal problema foi a Câmara do Cartaxo vender o negócio da água. “Uma coisa que dá lucro não se vende. Além disso, a população nunca teve uma contrapartida, os canos não são renovados”, critica.
Natural e residente em Vale da Pinta, João Heitor revela que este problema tem muitos anos, mas que no último tem-se agravado. O gestor de vendas conta que há uns tempos uma conduta rebentou e esteve cerca de dois meses a correr água para a estrada, a céu aberto. “Foram cerca de 90 litros por hora, o que dá mais de 100 mil litros de água desperdiçada”, lamenta.
O MIRANTE contactou a Cartagua para obter mais esclarecimentos sobre o assunto, mas até ao momento não obteve resposta.