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O fuso horário do Faroeste e a corrida ao armamento

Recolhido Manuel Serra d’Aire

Ainda me ando a habituar à mudança do fuso horário dos últimos dias, causada pelo recolher obrigatório ao fim-de-semana entre a uma da tarde e as cinco da manhã. Não foi fácil gerir um fim-de-semana em que se sabe que a partir da hora de almoço temos de ficar recolhidos em casa. Mas com improviso tudo se consegue. E depois de me levantar às três da manhã no domingo para as habituais lides domésticas e a imprescindível higiene pessoal, pelas cinco da matina estava a sair de casa para me juntar a uma rapaziada para a almoçarada de convívio na tasca do costume.
Estivemos à mesa até ao nascer do sol e depois fomos dar um passeio higiénico pela cidade aproveitando as esplanadas já abertas para emborcar uns digestivos que ajudassem a aliviar o bandulho. Pelas dez da manhã já me apetecia dormir a sesta, mas tive de resistir porque ainda havia que cumprir o ritual da eucaristia dominical que, apesar de ser às 11h00, me pareceu ser uma missa do galo naquelas zonas do Ártico onde em certas alturas do ano nunca anoitece.
Acabada a missa, perto do meio-dia, era hora de jantar e lá fomos à pressa, porque a tasca tinha que fechar à uma e a polícia não estava para paródias em relação a quem pisasse o risco do recolher obrigatório. No regresso para o confinamento doméstico estranhei tanta gente na rua, a passear o cão, a fazer exercício. Confesso, nunca tinha visto tanta gente na rua em plena madrugada...
Repentino Manel, quem disse que somos um povo de brandos costumes não sabe do que fala nem certamente conheceu o defesa central Fernando Couto ou o médio Paulinho Santos. Nos últimos tempos tropecei em várias notícias divulgando a apreensão de armas em casas de suspeitos de violência doméstica e julguei tratarem-se de novidades do mítico Faroeste, esse imenso arsenal a céu aberto do outro lado do Atlântico. Afinal não, as apreensões ocorreram em pacatas aldeias de concelhos como Tomar, Torres Novas e Chamusca - aliás, a Chamusca começa a ganhar tradição no que toca a armamento e algum dia muda o título de “capital do lixo” para “capital da caçadeira e faca na liga”.
Perante tantos casos, sou levado a concluir que meio país não confia nas nossas Forças Armadas e que tratou de se prevenir por conta própria contra uma possível invasão espanhola ou de extra-terrestres, se é que não é tudo a mesma coisa. Enquanto isso não acontece os nossos bravos guerrilheiros lusitanos vão fazendo o aquecimento para a ansiada refrega com as mulheres ou os vizinhos, pois são quem têm mais à mão de semear, digamos assim...
Deve ter sido imbuído desse espírito que uma criança do Entroncamento decidiu levar para a escola uma réplica fiel de uma pistola e pôs os colegas em alvoroço com a brincadeira de cowboys e índios. Sabendo-se de alguns, alegados, problemas de insegurança que vão acontecendo nessa cidade, é de louvar a pró-actividade do petiz, que pelos vistos já começou a treinar para xerife lá do sítio: Afinal de contas, alguém tem que meter os meliantes na linha...
Um tele-abraço do
Serafim das Neves

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