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Os campeonatos de dança pararam e os dançarinos sentem a injustiça ao verem futebol
Helena e Pedro Machado fazem tudo para manter interesse dos alunos nas aulas

Os campeonatos de dança pararam e os dançarinos sentem a injustiça ao verem futebol

Helena e Pedro Machado vivem para a dança. Foi através da dança que se conheceram e além de já terem vencido vários campeonatos nacionais e internacional em danças de salão também partilham a vida pessoal. Têm duas filhas sendo que a mais velha também já compete em danças de salão. Há vários anos que o casal de Santarém criou a escola Time for Satisfaction (também conhecida por Boralazumbar) e contava já com cerca de 300 alunos em várias modalidades de dança quando a pandemia e o confinamento em Março deste ano lhes veio trocar as voltas.
Nessa altura, ao fim de quinze dias de inactividade, reinventaram o seu dia-a-dia e iniciaram aulas online. A preocupação principal era manter os alunos a dançar, mesmo em casa, dando-lhes alento para continuarem. Confessam que as aulas através da internet não foram fáceis. Danças de salão, hip-hop, zumba, MTV Dance e show dance são as várias modalidades que o casal ensina na sua escola e treina no salão dos Bombeiros Voluntários de Santarém.
Tinham a gala anual programada para Junho e não desmarcaram. O objectivo era ter um motivo para treinar. Com o levantar das restrições impostas pelo Governo no início do Verão recomeçaram os treinos presenciais. Primeiro na rua. Aproveitaram um espaço não utilizado pelos bombeiros ao ar livre e foi lá que deram as aulas nos meses mais quentes.
Perderam metade dos alunos. Agora são apenas 135 e triplicaram o número de turmas para conseguirem cumprir todas as normas de segurança. “Temos muito mais trabalho embora tenhamos menos alunos. É mais difícil mas não vamos deixar de trabalhar e de fazer aquilo que mais gostamos”, afirma Helena Machado.
A máscara é indispensável durante o treino e não há abraços. “O mais difícil é não poder abraçar. Todos sentimos essa falta sobretudo o mais pequeninos que no final da aula têm o impulso de se despedirem de nós. A falta de afecto é o mais complicado”, explica Pedro Machado, acrescentando, em jeito de brincadeira, que os alunos até sentiram falta de o ouvir ralhar sempre que os passos não estavam correctos.
As danças de salão foram das modalidades que mais sofreu com a pandemia. Os campeonatos foram suspensos. Apesar de tudo Pedro e Helena continuam a treinar, assim como a sua filha Beatriz, para não perderem o ritmo e estarem preparados para quando começar a competição.
Pedro Machado conta que a nível internacional já recomeçaram os campeonatos e acredita que durante o primeiro trimestre de 2021 o mesmo vá acontecer em Portugal. “Sentimos imensa falta de dançar. Está-nos no sangue. Dançávamos todos os dias e quando somos obrigados a parar é tudo muito estranho. Até sentimos falta do júri dos campeonatos e danças de salão, que tanto criticamos”, afirma, bem disposto.
Pedro Machado considera que a competição de futebol já começou porque é um negócio que gera muitos milhões de euros. As danças de salão e outros tipos de dança não regressaram ainda porque não dão dinheiro. “A dança mantém-nos sãos e isso deveria estar bem presente em quem governa. Se as pessoas puderem dançar metade dos seus problemas desaparecem por isso não podemos voltar a fechar portas”, sublinha.
A gala que estava prevista para Junho acabou por acontecer no início de Outubro, no Convento de São Francisco. Sempre acompanhada pela Direcção-Geral de Saúde. “Estivemos até ao último momento com o coração nas mãos com medo que o Governo mudasse as directrizes e já não pudéssemos actuar. Felizmente isso não aconteceu”.

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