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Os meninos Jesus de agora nascem em ambulâncias e os bombeiros fazem fotos

Indomável Serafim das Neves

Não sei se te lembras de um animado cidadão de Abrantes que anda há anos a frequentar as reuniões municipais lá da terra para dar a saber ao mundo que é o alvo número um das forças maléficas da câmara. Já para lá foi de burro e sem burro; de barbas e sem barbas e com apoiantes e sem apoiantes. Já de lá saiu a bem e a mal; com polícia e sem polícia; calado ou a vociferar. E foi sempre notícia.
No início deste mês deixou-se de reuniões de câmara e foi a uma da assembleia municipal. Foi fisicamente apesar da reunião ser online. Interrompeu as filmagens, digamos assim. Foi retirado do local, esperou à porta uma carrada de horas mas lá o deixaram entrar no vídeo a dizer de sua justiça. Em jeito de artista convidado, pode dizer-se. E ainda bem que o deixaram falar. Se tanto apelam à participação do povo, era injusto mandarem-no embora sem o deixarem...participar.
Não sei quem foi que disse que todos temos direito aos nossos quinze minutos de fama. O senhor Jorge Ferreira Dias, é esse o nome dele, se formos a somar tudo, já tem tempo suficiente para uma longa metragem. Se ele fosse fadista seria caso para dizer que vai protestar até que a voz lhe doa. Pode não resolver o problema, mas pelo menos desabafa e, por vezes, desabafar até é melhor do que resolver seja o que for. E eu até já nem me lembro bem do que ele se queixa.
No início de Dezembro nasceram dois bebés, não em manjedouras, mas em ambulâncias. Um numa ambulância dos bombeiros de Salvaterra de Magos e outro numa ambulância dos bombeiros de Torres Novas. Não sei se é uma nova moda ou se foi mera coincidência mas num caso como noutro houve o cuidado da parte de bombeiros, de mandar fotografias para os jornais.
A pouco e pouco os bombeiros começam a ser os maiores repórteres da sua própria actividade. Para além dos bebés, há também as fotos de incêndios, acidentes, inundações, salvamentos. A vantagem é eles poderem escolher o ângulo que melhor os favorece. A desvantagem é terem que parar o que estão a fazer para tirar fotos ou selfies para jornais e redes sociais. Mas calculo que já estejam a ter treino para isso.
Mas adiante, que atrás vem gente, como diz o povo. Para o ano há eleições autárquicas e quer-me parecer que vão começar a aparecer anúncios para arranjar candidatos. Os partidos políticos tanto se fecharam, tanto se fecharam, que agora falta-lhes mão-de-obra.
Nos últimos tempos já havia listas que eram autênticas árvores geneológicas de famílias. Estavam lá pai, mãe, filhos, primos, tias, irmão, noras, vizinhos e amigos próximos. Agora, parece que já nem na família se consegue recrutar. E, para piorar tudo, há políticos no poder que não se querem recandidatar apesar de o poderem fazer e ser quase certo que se o fizessem ganhavam.
Em Vila Franca de Xira o actual presidente, Alberto Mesquita (PS), com possibilidade de se candidatar a mais um mandato de quatro anos, já anunciou que tem coisas mais interessantes para fazer do que ser autarca. E pensar que ele e outros como ele se queixavam do afastamento dos cidadãos da política.
Antigamente ninguém queria ir para árbitro e para aquelas funções passaram a ir apenas masoquistas. Um dia destes, para candidatos a políticos, só vão aparecer masoquistas, reformados ou, vá lá, pessoas com empregos muito mal pagos.
Cumprimentos natalícios
Manuel Serra d’Aire

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