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Pedidos de ajuda alimentar em Vila Franca  de Xira continuam a aumentar
Trabalhadores e amigos do CBEI fazem voluntariado duas vezes por mês para entregar alimentos e bens de primeira necessidade a quem mais precisa

Pedidos de ajuda alimentar em Vila Franca  de Xira continuam a aumentar

Voluntários sem mãos a medir para dar comida a quem passa por dificuldades. Das 20 pessoas apoiadas em Janeiro pelo Centro de Bem-Estar Infantil de Vila Franca de Xira os números dispararam para mais de uma centena e é frequente haver filas de espera.

De quinze em quinze dias o refeitório da Escola Secundária Alves Redol, em Vila Franca de Xira, é ocupado por voluntários do Centro de Bem-Estar Infantil (CBEI) e transforma-se numa improvisada linha de montagem de cabazes com bens de primeira necessidade para distribuir pelas pessoas que mais precisam.
Se dúvidas existissem de que há mais gente a passar dificuldades por causa da pandemia os números confirmam-no: o número de pessoas apoiadas passou de 20 em Janeiro para 120 famílias em Dezembro. E a lista de espera continua a aumentar todos os dias.
O CBEI é uma das entidades do concelho que, nos próximos quatro anos, está encarregue de entregar cabazes alimentares a pessoas sinalizadas pela Segurança Social ao abrigo do Programa Operacional de Apoio às Pessoas mais Carenciadas. É um programa co-financiado por fundos comunitários que visa dar resposta a quem tem fome. São alimentos comprados directamente pelo Estado a diversas firmas, em concursos públicos, que depois são distribuídos a nível nacional pelas associações protocoladas.
O trabalho começa pelas 15h00 quando chega o camião para descarregar os alimentos, que são distribuídos após as 18h30. Os voluntários são sobretudo trabalhadores do CBEI e seus familiares: professoras, cozinheiras, auxiliares, secretárias. Por norma são uma dezena de voluntários em cada acção de entrega. No dia em que O MIRANTE acompanhou o grupo chegaram, entre outros produtos como bolachas, azeite e concentrados de tomate, perto de 340 litros de leite, 100 quilos de arroz, 150 de massa e 50 latas de grão, feijão e ervilhas. Também chegaram mil quilos de congelados, entre frangos, pescada e legumes diversos. O camião deixou também 242 latas de atum e 121 latas de cavala.
Sónia Oliveira, do CBEI, mete mãos à obra juntamente com os colegas para dividir os bens por cada agregado. Quando acabar a hora de serviço mais voluntários vão chegar para ajudar. As famílias são identificadas por números e cada uma tem direito a uma quantidade diferente de alimentos. A instituição, além de uma cantina social que nunca fechou durante a pandemia, também já promoveu entregas de alimentos vindas do Banco Alimentar.

“Não é vergonha
pedir ajuda”
Nos rostos de quem vai buscar os cabazes há olhos de gratidão mas atrás da máscara há ainda alguma vergonha. Quem precisa começa a chegar ainda antes das 18h30 e espera à porta da escola como forma de minimizar os riscos de contágio.
Muitos dos que vão levantar os cabazes são pessoas de classe média, vindas de todo o concelho e até da vizinha Arruda dos Vinhos. Gente que, de um momento para o outro, se viu sem emprego, sem dinheiro para pagar os encargos e sem condições para meter comida na mesa. “Quem nos procura são pessoas de classe média que de um momento para o outro ficaram sem nada por causa da pandemia. Temos famílias sozinhas que vêm aqui com muito custo. Mas não é vergonha pedir ajuda”, acrescenta Gil Teixeira, presidente do CBEI, que também veste a pele de voluntário.
Na hora de receber os cabazes, os beneficiários têm de conferir que alimentos estão incluídos e assinar um termo de recepção. “Não é só no Natal que nos devemos lembrar das pessoas que precisam. Isso é algo que deve ser feito todo o ano. É um voluntariado cansativo mas onde saímos com um sentimento de leveza muito grande por sabermos que ajudámos quem mais precisava”, contam os voluntários.

Pedidos de ajuda alimentar em Vila Franca  de Xira continuam a aumentar

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