uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Refugiados da Síria refizeram a vida  em Fátima 
A assistente social Estela Ribeiro tem acompanhado Abdul, Iman Ali e os quatros filhos desde que chegaram a Fátima em Setembro de 2016

Refugiados da Síria refizeram a vida  em Fátima 

Abdul, Iman Ali e os quatro filhos recordam a vida em Alepo e como chegaram a Portugal fugidos da guerra.


A visita do Papa Francisco a Fátima, em Maio de 2017, foi de euforia para o povo português mas de medo e aflição para Abdul, a sua esposa Iman Ali e os seus quatro filhos. Os helicópteros no ar e o barulho nas ruas faziam lembrar os bombardeamentos da guerra em Alepo, na Síria. Foi a assistente social, Estela Ribeiro, que os acompanha desde o primeiro dia quem os acalmou e explicou o que se passava. Estavam em Fátima há seis meses ao abrigo do Programa de Apoio a Refugiados (PAR). Chegaram a Portugal em Setembro de 2016 depois de terem fugido da Síria por causa da guerra.
Abdul, 40 anos, recorda que caminharam durante dez horas até chegar à Turquia. Pelo caminho tiveram que se esconder dos militares que controlavam as estradas. Iman estava grávida de seis meses do filho mais novo, Mohammad, agora com quatro anos. Na Turquia a família teve que pagar cerca de 5.500 euros para fazer a viagem por mar até à ilha de Lesbos, na Grécia. O bote era de fibra e fizeram a viagem mais 17 pessoas.
Aisha, a filha mais velha, actualmente com 12 anos, lembra-se de ouvir os gritos das mulheres assustadas. “Durante a viagem tentei acalmá-las e disse muitas vezes que ia correr tudo bem mas elas tinham receio”, recorda. A pequena Rama, que na altura tinha 3 anos, conta que teve muito medo durante a viagem feita durante a noite e que demorou cerca de seis horas.
Chegaram bem a Lesbos tendo ficado cerca de seis meses no campo de refugiados. Foi na ilha grega que contactaram com elementos ligados ao PAR e foi-lhes dada a possibilidade de viverem em Portugal. “Não sabia onde ficava o país. Só queríamos uma casa para viver e recomeçar a nossa vida”, conta Abdul. Foi o que aconteceu. Chegaram a Fátima e tiveram que se adaptar. Foram muito ajudados pelas irmãs de São Vicente de Paulo.

Integração bem conseguida
e saudades de casa
A língua foi o mais difícil de aprender. Para Abdul foi ainda mais complicado. Em Alepo tinha a sua própria empresa de reparação de camiões e autocarros. Tinha três oficinas e viajava constantemente em trabalho, incluindo para outros países. Em Fátima teve que aprender primeiro a língua e não foi fácil arranjar emprego. Estela Ribeiro lembra que Abdul todos os dias lhe telefonava a dizer que não queria viver de subsídios. O que queria mesmo era trabalhar. Conseguiu um emprego mais de seis meses depois de ter chegado. Actualmente trabalha numa empresa em Pombal.
Quatro anos depois estão totalmente integrados na comunidade. Aisha, Ismaeel e Rama falam português correctamente. Aisha integrou o quadro de mérito da escola pelas excelentes notas alcançadas. Os mais novos também têm boas classificações. As irmãs sírias querem ser médicas. Rama, de 7 anos, sonha ser pediatra para ajudar crianças. É a que tem mais medo e não esquece a viagem de barco até à Grécia. Por vezes acordam com pesadelos que remetem para os bombardeamentos a que assistiram. A mãe, Iman Ali, 30 anos, cuida dos filhos e é a que ainda tem alguma dificuldade em falar português.
Fugiram da guerra mas sonham um dia regressar à terra natal onde ainda têm familiares. Abdul sabe que a reconstrução de Alepo vai levar muitos anos mas tem esperança de ainda poder voltar. Matam saudades da família por telefone e são felizes. Abdul lamenta apenas que os salários em Portugal sejam baixos. “Para uma família com quatro filhos não é fácil”, lamenta.

Refugiados da Síria refizeram a vida  em Fátima 

Mais Notícias

    A carregar...

    Capas

    Assine O MIRANTE e receba o Jornal em casa
    Clique para fazer o pedido