A saída de Carlos Gonçalves do cargo de comandante dos Bombeiros Municipais de Tomar tem motivado uma acesa troca de palavras entre a classe política do concelho. O PSD (Partido Social-Democrata) de Tomar, em comunicado, sugere que a saída de Carlos Gonçalves se deveu ao facto da presidente da câmara, Anabela Freitas (PS), ter ignorado o clima de tensão e o mau ambiente que a corporação tem vindo a revelar nos últimos meses. Os social-democratas afirmam ainda que o ambiente na corporação tem vindo a degradar-se e que prova disso é o elevado número de bombeiros que abandonam a corporação todos os anos.
Os socialistas responderam de seguida, também através de comunicado, afirmando que os social-democratas revelam um total desconhecimento da realidade e acusam o PSD de falta de memória em relação aos problemas que aconteceram nos bombeiros durante os anos da sua gestão camarária.
Contactada por O MIRANTE, Anabela Freitas coloca uma pedra sobre o assunto garantindo que não existe nenhum mal-estar na corporação de bombeiros e que a saída de Carlos Gonçalves se deveu exclusivamente à necessidade de haver mudanças nos cargos de chefia das organizações municipais.
A autarca diz que a decisão foi tomada em comum acordo e elogia o desempenho “muito profissional de um homem inteligente e que sempre se preocupou em dar o seu melhor”. Anabela Freitas diz que o ex-comandante vai continuar a trabalhar no município, provavelmente no sector financeiro ou na fiscalização de obras públicas. “O Carlos é um homem muito prendado e com conhecimentos vastos. Ele é que vai decidir para onde quer ir, na certeza de que vai continuar a ser muito útil para o município”, sublinha.
O substituto de Carlos Gonçalves no comando dos Bombeiros Municipais de Tomar vai ser Humberto Morgado, sub-chefe dos Bombeiros Sapadores de Leiria, tendo também passado pelas corporações de Santarém e Abrantes. Até ao final do ano de 2020, o comando vai ser assegurado de forma interina pelo segundo comandante Vítor Tarana.

Quatro décadas ao serviço dos bombeiros
Carlos Gonçalves nasceu em Nisa, distrito de Portalegre, há 60 anos. É casado e tem duas filhas. Entrou para os bombeiros com 17 anos e, até agora, nunca tinha despido a farda. Foi comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova da Barquinha durante 23 anos e daí saiu para chefiar os Bombeiros Municipais de Tomar, onde esteve cinco anos. Foi presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Santarém durante três mandatos.
As habilitações de Carlos Gonçalves são vastas. É licenciado em Comunicação, na vertente empresarial, e fez pós-graduações na área da Gestão da Protecção Civil e em Higiene e Segurança no Trabalho.