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Secção Náutica do Povoense renasce vinte anos depois numa zona que já não envergonha
João Pinhal é um dos rostos dinamizadores da secção náutica do Povoense e a sua infância foi passada à beira do Tejo

Secção Náutica do Povoense renasce vinte anos depois numa zona que já não envergonha

Não fosse a pandemia e o Povoense já tinha dezenas de jovens a praticar canoagem na recém-dinamizada secção náutica, da qual João Pinhal é um dos seis responsáveis. Neto de fragateiros, confessa-se orgulhoso de ter hoje na cidade um espaço que é exemplo nacional na requalificação ribeirinha e recorda a O MIRANTE os dias tumultuosos das demolições das antigas casas palafíticas.

Depois de duas décadas praticamente sem qualquer actividade, a Secção Náutica do União Atlético Povoense (UAP) ganhou novo fôlego em 2018 e não tem parado de crescer e remar contra a maré. Não fosse a pandemia ter obrigado a deixar todas as canoas no cais e hoje o clube estaria com dezenas de jovens a aprender a remar.
A secção renasceu na sequência da requalificação da frente ribeirinha da Póvoa de Santa Iria, que criou novas instalações para as embarcações, com balneários e salas de reuniões, um novo ancoradouro, boxes de arrumação e um hangar para embarcações. Surgiram também dois novos tanques de maré de baixa profundidade para ensinar os jovens a remar. Todo o espaço e equipamentos foram cedidos ao UAP. À frente da secção estão seis rostos: Joaquim Verdasca, António Silva, Jorge Pinhal, Paulo Batista, José Domingos e João Carlos Pinhal.
Filho da terra, João Carlos Pinhal, 55 anos, neto de fragateiros, passou a infância junto ao rio. Hoje é um dos rostos da secção náutica, que funciona financeiramente independente do resto do clube. Tudo o que a secção tem actualmente foi comprado à custa dos sócios e dos entusiastas, desde as canoas ao mobiliário. “Quando nos entregaram as instalações, no final do Verão de 2018, nem uma cadeira tínhamos”, recorda com um sorriso.
O arranque não foi fácil e em 2019 a preocupação foi estabelecer contactos e conseguir adquirir o material necessário para abrir as portas à comunidade. 2020 seria o grande ano para a secção náutica do UAP, não fosse a pandemia ter estragado os planos. As inscrições foram suspensas com a pandemia e o consequente confinamento. Quando as restrições abrandaram, no Verão, a secção meteu as embarcações no rio e ofereceu à comunidade a possibilidade de experimentar canoagem.
“Sentimos uma procura imensa assim que metemos as canoas nas rampas. Começaram logo a aparecer miúdos com os pais a quererem experimentar. Não cobrámos um cêntimo e viu-se muito entusiasmo. Abrimos as inscrições para avançarmos com a modalidade mas a segunda vaga da pandemia obrigou-nos a parar novamente”, lamenta o dirigente. A secção quer remar contra a maré pandémica e a ambição é que logo que a situação melhore as embarcações voltem ao rio. “Os moradores da Póvoa estão muito interessados em vir praticar a modalidade. Houve um grande interesse e sentimos que quando isto melhorar rapidamente vamos conseguir pôr a secção a funcionar em pleno”, vaticina.

“O que havia à beira rio era uma lixeira”
João Carlos Pinhal era um dos vários moradores que tinha construído um cais e uma casota de arrumação à beira rio e que tiveram de ser demolidos, para dar lugar à requalificação da frente ribeirinha. Uma situação que, como o nosso jornal chegou a noticiar, nem sempre foi vista com bons olhos por quem tinha estruturas no local. Olhando para trás, João reconhece que foi uma intervenção necessária. “Há 50 formas de fazer uma barraca e a forma que muita gente encontrou não era a mais correcta. De repente as coisas ficaram uma bagunça. Passar por ali não nos chocava, mas trazer pessoas de fora já era um problema. Algumas pessoas que vinham ao local achavam graça e diziam que parecia o Bangladesh, mas muita gente já não estava disponível para passar por aquela lixeira”, lamenta.
O dirigente desportivo serviu de mediador entre os descontentes e os que achavam que a requalificação iria mudar a face da Póvoa para melhor. “Isto ficou muito melhor. As pessoas hoje podem gozar do espaço de uma forma diferente, que é de todos. Fico orgulhoso quando se dá o exemplo da Póvoa em termos de requalificação ribeirinha. Só lamento que haja vandalismo. Temos muito esse problema”, critica.
João Carlos Pinhal diz que é inegável a melhoria na qualidade da água do rio que se tem verificado nos últimos anos, mas lamenta que ainda continuem a existir abusos. Condena a forte pressão piscatória para tão pouco peixe. “Fico orgulhoso de na Póvoa termos hoje uma zona que não envergonha ninguém e tem dado acesso às pessoas para estas verem o rio e usufruírem dele de uma forma que até aqui não era possível. Algumas nem sabiam que o rio estava aqui tão perto”, conclui. João diz que a secção náutica vai continuar ao dispor de todos os povoenses e apela a que não se destrua e se cuide do que foi feito naquela zona da cidade.

Secção Náutica do Povoense renasce vinte anos depois numa zona que já não envergonha

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