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Agricultura é o sector onde a região ribatejana tem uma boa oportunidade de crescer
Presidente do Novo Banco, António Ramalho, considera que há projectos interessantes na região e que daqui por três meses os empresários estarão a delinear novos investimentos. Mas alerta que a Lezíria do Tejo e o Médio Tejo precisam apostar na clusterização das muitas actividades dispersas na região e aproveitar todo o potencial para sair da divergência com a média nacional.
A evolução que a agricultura teve nos últimos anos constitui “uma belíssima oportunidade para a região de Santarém”, que deve apostar na clusterização deste sector para crescer economicamente, defende o presidente do Novo Banco. António Ramalho, falou das suas perspectivas sobre a região à margem do “Portugal que Faz”, iniciativa do Novo Banco, que no dia 7 debateu na Startup de Santarém os desafios do tecido empresarial da região face à crise pandémica.
Para António Ramalho a região tem de apostar naquilo que faz bem, aglomerado sectores e convocando as empresas para contribuírem para esses sectores, sendo que o cluster da agricultura ou do agro-alimentar deve ser uma das apostas. O gestor diz que esta estratégia tem faltado a uma região que precisa de chamar vantagens competitivas, sublinhando que o agro-alimentar tem um valor acrescendo acima do nível médio nacional que deve ser aproveitado. O presidente do Novo Banco tem pena que não se esteja a fazer uma reflexão profunda sobre o regadio na zona do Tejo. Sobre o projecto de aproveitamento hidráulico do Tejo, refere que já se devia estar a fazer uma análise aprofundada.
O distrito de Santarém beneficia de boas acessibilidades, da proximidade de um aeroporto e está perto de uma capital consumidora, que é Lisboa, o que pode constituir uma oportunidade, mas que está abaixo do crescimento da média nacional. António Ramalho chama a atenção para o facto de as pessoas estarem a valorizar mais o essencial, como são os produtos agrícolas, destacando que o sector lidou bem com a crise pandémica e foi central na preservação das capacidades produtivas portuguesas.
Um dos factores que também coloca esta região em divergência com a economia nacional é a baixa quantidade de diplomados do ensino superior. António Ramalho, revela, a partir do diagnóstico da região elaborado pelo Departamento de Desenvolvimento e Activação de Estratégia do banco, que em 2019 o país tinha 75 diplomados por mil habitantes, enquanto a Lezíria do Tejo tinha 38 e o Médio Tejo 15 pessoas com curso superior.
A falta de quadros com cursos superiores deve-se, no entender o presidente do Novo Banco, ao envelhecimento da população e provavelmente pelo que chama de hímen de Lisboa, ou seja a atracção da capital para os jovens que procuram emprego em grandes empresas. Mas, considera, a região tem de aprender a viver com esta situação e potenciar a atracção de quadros qualificados, dando como exemplo Braga. “A norte do Porto está Braga e a norte de Lisboa está Santarém”, realça o gestor para demostrar que Santarém pode aproveitar uma dinâmica empresarial como faz a cidade dos arcebispos.
Uma região de empresários cumpridores
Considerando que a partir do terceiro trimestre deste ano os empresários, nomeadamente nas sub-regiões da Lezíria e Médio Tejo, estão em condições de começarem a estruturar investimentos que estão suspensos devido à pandemia e à incerteza que esta coloca à economia, sobretudo também na área agrícola, o presidente do Novo Banco realça que há “projectos interessantíssimos” que o banco tem vindo a acompanhar, destacando também o crescimento da área das energias.
António Ramalho revela que a região tem um nível de crédito vencido ligeiramente mais baixo que a média nacional, realçando que o distrito de Santarém tem um conjunto de empresários conservadores, mas que são cumpridores, que pagam as suas obrigações. O banco está também atento ao evoluir da situação da economia na região, das áreas de actividades com um olho posto no sector agrícola, para o qual é necessário encontrar novas respostas da banca. Isto porque se acentuou a diferença entre o proprietário e o explorador.
Quem explora as propriedades agrícolas não tem o terreno como garantia de crédito e pensa na exploração com ciclos de três a quatro anos. Este é um exemplo que, além de criar um desafio interessante para o banco, assenta que nem uma luva na sua estratégia. Com 60 por cento de crédito concedido a empresas, o Novo Banco trabalha como um alfaiate em fatos à medida, que não podem ser curtos demais, nem grandes demais e coloca na capacidade de ouvir os clientes uma arma para desenhar os melhores produtos.
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