São os condutores que regulam o trânsito na Ponte da Chamusca
A travessia que liga os concelhos da Chamusca e Golegã, vulgo Ponte da Chamusca, é uma constante dor de cabeça para os seus utilizadores. Os constrangimentos no trânsito são quase diários e chegam a empatar a circulação durante várias horas. A avaria na sinalização faz com que sejam os próprios condutores, a “olhómetro”, a regular o tráfego.
No último dia do ano de 2020, 31 de Dezembro, repetiu-se o problema que desde há muitos anos indigna os utilizadores da Ponte Dr. João Joaquim Isidro dos Reis, conhecida popularmente como Ponte da Chamusca. Dois veículos pesados, que se encontraram a meio da ponte, bloquearam o trânsito durante mais de uma hora. Como sempre acontece nestas situações, a manobra para que os camiões conseguissem desbloquear a ponte, e seguir caminho, teve a intervenção da GNR da vila.
Quem utiliza a travessia diariamente, para efeitos de trabalho ou lazer, sabe que o tráfego é regulado pelos próprios condutores, sobretudo os que conduzem veículos longos. Os camionistas antes de entrarem na ponte espreitam e tentam perceber se não há camiões do outro lado a entrarem no tabuleiro da ponte. O problema é quando surge um camionista menos avisado, ou mais afoito, ou até quando as condições climatéricas não permitem visibilidade suficiente para a dita auto-regulação do trânsito.
Em Julho de 2019 a Infraestruturas de Portugal (IP) instalou semáforos nas duas entradas da ponte mas nunca serviram o seu propósito uma vez que estão quase sempre avariados. O MIRANTE pediu por escrito esclarecimentos ao presidente da Câmara da Chamusca que justifica o não funcionamento dos semáforos devido à condensação de água no armário de controlo, garantindo, no entanto, a sua correcção durante o mês de Janeiro. O autarca salientou ainda que o serviço de Protecção Civil da Chamusca não tem acesso ao armário de controlo uma vez que a gestão do trânsito é competência da GNR.
Questionado sobre que pressões têm sido feitas, junto das entidades competentes, Paulo Queimado afirma que foram realizadas várias reuniões, acrescentando que, para além da ponte, foram discutidos outros assuntos importantes, nomeadamente o cruzamento à entrada da vila da Chamusca que provoca vários acidentes por ano. Na resposta não deu garantias de que os apelos da autarquia venham a ser tidos em conta.
À margem
Dá Deus nozes a quem não tem dentes ou o problema na Ponte da Chamusca
Enquanto no edifício cor-de-rosa mais emblemático da Chamusca (sede dos Paços do Concelho) o executivo presidido por Paulo Queimado lê o correio sentimental que vai caindo na caixa do e-mail, no tabuleiro da ponte da Chamusca escreve-se quase diariamente uma peça de teatro orwelliana com camiões e camionistas à mistura, mais os cidadãos que trabalham na estrada e precisam meter pés ao caminho para levarem o pão para casa.
Há uns semáforos, de cada lado da ponte, que deviam funcionar depois das autoridades terem dificultado o trânsito com a instalação das guardas de protecção. O problema é que estão quase sempre avariados e ninguém liga ao assunto porque a Chamusca é terra de ninguém; e quem tem poder na Chamusca não sabe de que terra é; muito menos sabe que pelo tabuleiro da ponte passa diariamente uma boa percentagem do PIB português, o que daria pano para mangas a quem tivesse dois dedos de testa que desse para mais do que ler o correio sentimental.