Clube cessou actividade no final do ano passado por falta de jogadores e interesse dos sócios, situação agravada pela pandemia. Para trás fica um legado de mais de 31 anos dedicados à formação do futsal na cidade.
O Arsenal Desportivo de Alverca, clube que se dedicava à formação do futsal, fechou portas no final de 2020. Não resistiu ao crescente desinteresse da massa associativa, à falta de apoios da comunidade e à redução do número de jovens a praticar a modalidade. E se as coisas já estavam difíceis, a pandemia de coronavírus que obrigou a parar todas as competições de formação ditou o fim precipitado do clube.
Carla Bernardo foi a última presidente do clube. Estava há três anos à frente dos destinos da colectividade e é com tristeza que fala a O MIRANTE do fim de um clube que era especial, diferente e uma referência na formação de futsal. “Com o tempo ficámos com poucos jogadores e os poucos que tínhamos eram juniores que não queriam pagar mensalidades. Com as poucas ajudas que tínhamos não conseguíamos levantar o clube e levá-lo para a frente”, lamenta.
O Arsenal Desportivo de Alverca treinava no pavilhão municipal da cidade. Carla Bernardo lamenta que os sócios se tenham completamente desligado do clube com o passar dos anos. “Enquanto lá tinham os filhos a treinar estava tudo bem mas quando os atletas deixavam de treinar os pais deixavam de pagar as quotas”, descreve. O clube fechou portas sem quaisquer dívidas. E o pouco dinheiro que realizava era injectado pelos dirigentes e os pais. “Nos últimos tempos já nem tínhamos equipamentos, foram os pais que os ajudaram a comprar e depois obviamente ficaram com eles quando o clube fechou”, conta.
E para agravar a situação ainda surgiu a Covid-19: “A pandemia veio ajudar a fechar tudo ainda mais rápido. Infelizmente a cidade só vê o Futebol Clube de Alverca. Tanto mais que quando pedíamos ajuda ao comércio local muitos deles diziam que não davam nada porque já tinham ajudado o Alverca. Foi sempre uma luta muito difícil para nos mantermos”.
O Arsenal Desportivo de Alverca foi fundado em Março de 1990 por um grupo de amigo para participar nos encontros desportivos concelhios de Vila Franca de Xira. Quando O MIRANTE deu a conhecer o trabalho do clube, em 2013, os dirigentes de então garantiam não haver qualquer ligação com o clube britânico com o mesmo nome mas também não ficou clara a razão para a escolha da designação.
O clube cresceu de forma sustentada, com vários escalões em competição. No seu auge, há cerca de uma década e meia, chegou a ter onze equipas de futsal e mais de 100 crianças a jogar. Em 2013 movimentava 50 atletas com idades entre os 7 e os 16 anos. Ultimamente eram pouco mais de meia dezena. A equipa feminina também já tinha deixado de existir por falta de atletas.

“Perder o Arsenal é motivo de tristeza para a cidade”

A O MIRANTE o presidente da União de Freguesias de Alverca do Ribatejo e Sobralinho, Carlos Gonçalves, reage com mágoa e preocupação ao fecho do clube, admitindo que é “preocupante” ver os clubes sem poder ter jogos da formação há mais de um ano. “Além da crise associativa vemos também estes períodos de grande inactividade a levantar problemas gravíssimos nos clubes. Perdermos o Arsenal é motivo de tristeza para a cidade, todos ficamos mais pobres. É uma perda grande para Alverca e especialmente para a formação”, lamenta.