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Juntas de freguesia trabalham para combater desigualdades sociais
José Avelino Correia, Pedro Matos, António Camilo e Rui Martinho

Juntas de freguesia trabalham para combater desigualdades sociais

A pandemia tem contribuído para o aumento das desigualdades sociais na região ribatejana; há menos liberdade e as oportunidades escasseiam sobretudo nas localidades mais isoladas. As juntas de freguesia têm desempenhado um papel fundamental no combate a esta realidade. A propósito do Dia Mundial da Justiça Social O MIRANTE conversou com os presidentes das freguesias de Mouriscas, Chamusca, Golegã e Manique do Intendente.


O fenómeno das desigualdades sociais agravou-se desde que vivemos em pandemia; a liberdade está condicionada e as oportunidades são cada vez menos sobretudo entre os mais desfavorecidos. As juntas de freguesia da região têm desempenhado um papel fundamental no combate a estas desigualdades nomeadamente no que diz respeito ao acesso à educação, saúde e bens alimentares. A propósito do Dia Mundial da Justiça Social, que se celebra a 20 de Fevereiro, O MIRANTE conversou com alguns autarcas da região que receiam o futuro e confessam a sua preocupação pelas famílias que sofrem de dificuldades mas têm “vergonha” em admitir.
Pedro Matos, presidente da Junta de Mouriscas, concelho de Abrantes, afirma que são acompanhadas cerca de 15 famílias na freguesia, sendo que diariamente são apenas três. Os casos sociais resultam, sobretudo, do desemprego e da falta de condições financeiras que garantam dignidade às famílias. O autarca é, desde 2010, encarregado geral na ACATIM (Associação Comunitária de Apoio à Terceira Idade de Mouriscas); conta que há idosos que vão à farmácia e só compram metade dos medicamentos porque não têm dinheiro para mais uma vez que as reformas são muito pequenas.
O trabalho que a junta tem realizado na comunidade tem sido duro mas indispensável. “Distribuímos alimentos, medicamentos, roupas, móveis, frigoríficos, televisões e acompanhamos as pessoas ao médico. O meu maior receio é que os jovens não tenham acesso à educação por isso começámos a distribuir material escolar para que tenham as ferramentas necessárias para aprenderem”, sublinha Pedro Matos.

“É a pobreza envergonhada que me preocupa”
Na União de Freguesias de Chamusca e Pinheiro Grande o número de casos sociais são perto de meia centena. Rui Martinho, presidente da junta, afirma que através do Fundo Social estão a tentar combater as assimetrias. “Em alguns casos pagamos electricidade, água e gás. Outras das medidas que adoptámos foi a ajuda na compra de medicação e no pagamento de rendas de habitação”, refere.
A junta tem ao dispor dos habitantes um banco alimentar que fornece, entre outros bens, leite, massa, arroz e enlatados. Em relação ao ensino, todas as crianças que precisem de imprimir documentos escolares podem fazê-lo gratuitamente. Para o autarca, mais do que as famílias sinalizadas, a sua grande preocupação é com as que sofrem dificuldades e escondem-no por pudor. “É a pobreza envergonhada que me preocupa”, confessa.
No concelho vizinho da Golegã, o presidente António Camilo fala numa situação semelhante. “Tem sido muito complicado combater as desigualdades porque há cada vez mais pessoas a sofrer e a esconderem as suas angústias”, salienta. O sistema local de assistência social, diz, funciona muito bem, através da entrega de cabazes de emergência para ajudar quem não tem recursos financeiros e também para quem não tem dinheiro para medicamentos.
Uma das próximas iniciativas da Junta de Freguesia da Golegã prevê o apoio ao comércio local através do pagamento de facturas de água e electricidade. “Temos cerca de cinco mil euros que vamos dividir por todos os estabelecimentos encerrados. Mesmo que modestas, todas as ajudas são importantes neste momento”, diz.
José Avelino Correia é presidente da União de Freguesias de Manique do Intendente, Vila Nova de São Pedro e Maçussa, no concelho de Azambuja. Ao contrário dos testemunhos dos seus colegas autarcas, mencionados neste artigo, não há registo de casos sociais graves. O facto de grande parte da população ser idosa contribui para este resultado.
“Há muitos reformados que foram fazendo um pé-de-meia ao longo da vida e que comem o que cultivam nas suas terras”, garante o autarca. Por outro lado, a maioria da população activa trabalha nas grandes empresas situadas na plataforma logística Lisboa-Norte e até agora não se verificaram despedimentos. “As dificuldades e desigualdades existem, como em todo o lado, mas o medo de contrair o vírus da Covid-19 é mais assustador numa população que, como já referi, é maioritariamente idosa”, reforça.

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