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Família quer respostas após morte de criança dois dias depois de ter alta hospitalar
foto DR A morte de Heitor Fernandes deixou em choque a aldeia de Santo Estêvão

Família quer respostas após morte de criança dois dias depois de ter alta hospitalar

Heitor Fernandes, de três anos, morreu nos braços do pai, em Santo Estêvão, Benavente, dois dias após ter tido alta hospitalar. Ministério Público está a investigar as circunstâncias da morte.

Destroçados e à procura de respostas. É assim que se encontram os familiares de Heitor Fernandes, o menino de três anos que morreu na aldeia de Santo Estêvão, a 14 de Fevereiro, dois dias após ter tido alta hospitalar de uma operação. “Era uma criança cheia de saúde. Algo de errado aconteceu e queremos saber o que foi”, diz a O MIRANTE o tio, Nilton Correia. O Ministério Público já instaurou um inquérito-crime para investigar as circunstâncias da morte.
Depois de ter tido alta hospitalar, após um teste negativo à Covid-19 e uma operação às amígdalas e adenoides, a criança regressou a casa, na sexta-feira, 12 de Fevereiro, aparentemente bem de saúde. Nada fazia prever o cenário da manhã de domingo. O pequeno Heitor começou a sangrar pelo nariz, depois pela boca, até deixar de conseguir respirar. “O pai gritava, pedia ajuda e uma vizinha foi até lá. Quando os bombeiros chegaram já não conseguiram reanimar a criança”, conta ainda em choque, Nilton Correia, que viveu com o sobrinho nos seus primeiros meses de vida.
Para esta família, natural do Brasil e residente em Santo Estêvão há mais de uma década, é plausível que esta morte inesperada se deva a um acto de negligência médica. “Só estamos à espera do resultado da autópsia para saber a causa da morte e tomarmos outras medidas, adianta o tio, acrescentando que “se foi negligência alguém tem que ser responsabilizado por ter tirado um anjinho à família”.
O Hospital Vila Franca de Xira, onde a criança foi operada, refere que a intervenção cirúrgica “decorreu bem e de acordo com o previsto”, tendo a criança tido alta após o recobro e cumprindo os critérios de alta definidos.

Confusão com teste à Covid-19 ia impedir autópsia
Para realizar a cirurgia foi feito um teste à Covid-19 que deu negativo. A família estranha, por isso, que após a morte “tenham ligado, a dizer que era do hospital para informar que o menino tinha Covid-19 e o pai também”. A funcionária, cujo nome Nilton Correia desconhece, alegou que “nem sabia da morte” de Heitor.
A situação gerou incompreensão e revolta numa família desesperada e cuja esperança para saber o que aconteceu está na autópsia, um procedimento que desde a pandemia de Covid-19 só se realiza a corpos que não estejam infectados pelo novo coronavírus. Num novo teste pedido pelos familiares, o corpo de Heitor testou, afinal, negativo. “Era mais um. Iam passar o óbito à criança como se tivesse morrido de Covid-19, não fossemos nós a arregaçar as mangas”, critica.
Devido a este “erro incompreensível, que causou ainda mais dor”, a família avançou com uma acção judicial contra o Ministério da Saúde. “É grave, muito grave. Não íamos poder fazer um funeral digno para nos podermos despedir dele e isso destruiu-nos”.

Aldeia em choque
com morte da criança
A aldeia de Santo Estêvão reagiu com consternação à perda da criança e nem a pandemia manteve a população ausente da despedida ao pequeno Heitor Fernandes, que decorreu a 19 de Fevereiro, cinco dias após o falecimento.
A criança ia fazer quatro anos a 20 de Março e frequentava o Jardim-de-Infância de Santo Estêvão. Nestes tempos de pandemia passava a maior parte do tempo com o pai, com quem vivia juntamente com a madrasta e um rapaz (filho da madrasta). A mãe visitava-o aos fins-de-semana. No dia da morte do filho correu para lá assim que soube, mas já não o viu com vida.

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