Ombro Amigo combate a solidão e ajuda a resolver problemas
Projecto da Fundação Dr. Agostinho Albano de Almeida apoia casos de vulnerabilidade no concelho de Ourém. Com a pandemia o desemprego acentuou-se e os pedidos de ajuda dispararam.
Retirar pessoas, em situação vulnerável, do isolamento em que se encontram, é o principal objectivo do projecto Ombro Amigo, da Fundação Dr. Agostinho Albano de Almeida, em Ourém. O Ombro Amigo nasceu após uma candidatura ao programa Portugal Inovação Social, que comparticipa com 70% do capital necessário. Os outros 30% têm de ser assegurados pela entidade promotora.
A coordenadora do projecto, Joana Calado Portugal, sublinha que só foi possível avançar com esta candidatura depois do projecto ter sido apresentado a diversos empresários e à Câmara de Ourém, que se tornaram parceiros contribuindo com um donativo durante três anos para o desenvolvimento do projecto. O concelho de Ourém tem muitas pessoas, sobretudo idosas, em situação de vulnerabilidade, seja física, social, emocional ou psicológica.
O grande intuito do projecto é combater a solidão. Algumas das pessoas com quem contactam demonstram estar em depressão. “Depois de diagnosticarmos cada caso fazemos sessões de acompanhamento social e psicológico. Deslocamo-nos a casa das pessoas e vamos com elas onde for preciso e desempenhamos algumas tarefas. Tudo para ajudar a pessoa a sentir-se acompanhada”, sublinha Joana Calado Portugal.
A coordenadora explica que há quem só precise de companhia, outras de acompanhamento psicológico ou apenas que a casa seja arrumada. “Fomos a casa de um senhor, cego, que tinha o exterior da sua casa cheio de lixo. Em conjunto com os escuteiros de Ourém limpámos tudo, o que permite agora ao senhor mover-se de forma mais facilitada”, exemplifica.
Também acompanham pessoas que não têm como se deslocar a consultas médicas nem forma de as pagar. Existem pessoas com documentos caducados e não têm forma de se deslocar aos serviços para resolver os seus assuntos. Há até quem não tenha como ir a consultas em hospitais. “É aí que a equipa intervém. Vamos com as pessoas resolver os seus problemas. Ao mesmo tempo desenvolvemos uma terapia que ajuda ao reequilíbrio emocional”, sublinha Joana Portugal.
O Ombro Amigo está a funcionar desde 1 de Agosto do ano passado e a sua sede é na Rua dos Combatentes da Grande Guerra, em Ourém. Todas as pessoas com quem o Ombro Amigo trabalha estão referenciadas pelo município, juntas de freguesia, estabelecimentos de ensino e unidades de cuidados de saúde. Actualmente acompanham cerca de uma centena de pessoas. Com a pandemia o desemprego acentuou-se no concelho e os pedidos de ajuda dispararam.
As pessoas com capacidade para se deslocar à sede são lá atendidas. Para quem não pode, a equipa desloca-se aos domicílios. A equipa é constituída pela coordenadora, Joana Calado Portugal, Carolina Henriques (psicóloga clínica) e Marta Reis (técnica de Serviço Social).
O confinamento veio prejudicar o projecto e actualmente atendem as pessoas apenas na sede do Ombro Amigo. “Temos previsto realizar um arraial todos os anos com as pessoas que acompanhamos e em 2020 não o conseguimos fazer. Esperamos retomar todas as actividades quando tudo voltar à normalidade possível”, diz a coordenadora.
Quem é acompanhado também pode ser voluntário
Uma das características inovadoras deste projecto é a existência de uma plataforma online onde quem quiser pode inscrever-se como voluntário no Ombro Amigo. Podem ainda ler artigos ou ver fotos das actividades já realizadas. A coordenadora do projecto diz que existem vários projectos que pretendem colocar em prática, mas que ainda não o fizeram devido à pandemia. “Esta é uma forma de tirar as pessoas da solidão e é o que vamos continuar a fazer”, realça Joana Portugal.