uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
“A cultura em Portugal é aquela coisa que fica sempre para o fim”
Maria João Luís, Ana Catarina Pereira, Maria do Carmo Rodrigues, Maria do Céu Padinha, Ana Sofia Antunes e Manuela Ralha

“A cultura em Portugal é aquela coisa que fica sempre para o fim”

Actriz Maria João Luís, que cresceu entre Alhandra e Vila Franca de Xira, foi uma das cinco mulheres convidadas pelo município para um debate em torno das comemorações do Dia da Mulher. Ana Catarina Pereira, Ana Sofia Antunes, Manuela Ralha, Maria do Carmo Rodrigues e Maria do Céu Padinha também deixaram os seus testemunhos.

A actriz Maria João Luís, que teve uma infância dividida entre Alhandra e Vila Franca de Xira, lamentou na última semana o estado de abandono em que a cultura vive em Portugal, em boa parte devido à pandemia do novo coronavírus. “A cultura em Portugal está para o Estado como o andebol feminino. Somos aquela coisa que fica para o fim e se houver uns restos para nos darem para nos calarem, dão-nos. Com a pandemia não se pode esperar que saia do Governo um coelho da cartola”, afirmou.
A actriz falava num debate promovido pelo município de Vila Franca de Xira com outras quatro mulheres a propósito do Dia Internacional da Mulher que se assinalou a 8 de Março. “Há um grande trabalho a fazer pela ministra da Cultura para dar apoios às pessoas que ficaram com as suas vidas interrompidas, que continuam a gastar dinheiro mesmo sem entrar nenhum rendimento. A nossa profissão ficou numa situação muito melindrosa”, alertou.
Maria João Luís falou de uma sensação de enorme frustração mas que, diz, não se pode traduzir numa revolta imediata contra o sistema. “Essa revolta já devia ter existido e deve continuar a existir depois desta crise gigante. Temos de nos unir e dar os braços, agarrarmo-nos uns aos outros e sermos solidários porque vai haver muita gente a desistir da profissão e muitos negócios a fechar. A situação é grave para todos”, lamentou.
Moderado pela vereadora com o pelouro da cultura, Manuela Ralha, o debate contou também com as presenças de Ana Sofia Antunes (secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência); Ana Catarina Pereira (guarda-redes de futsal); Maria do Carmo Rodrigues (comandante do Destacamento Territorial da GNR de VFX) e Maria do Céu Padinha (presidente do Rancho Típico dos Avieiros de Vila Franca de Xira).

Avós ajudam a cuidar
da filha da secretária
de Estado
Num debate onde pouco se falou da emancipação e desafios que as mulheres enfrentam, a secretária de Estado Ana Sofia Antunes chamou a atenção para os pais de crianças com deficiência não serem superprotectores e não transformarem os filhos em “rosas de estufa”, alertando para a necessidade de estes viverem experiências que os formam enquanto pessoas.
A governante, que foi mãe de uma menina em 2018, confessou que a pandemia a forçou a trabalhar o triplo e que a ajuda dos pais tem sido determinante para cuidar da criança enquanto ela está ausente em Lisboa. “Sem eles não saberia como fazer. Tem sido um período muito desafiante e a perseverança e obstinação é que nos levam a algum lado. É preciso ir construindo um caminho”, afirmou.
Já a comandante Maria do Carmo Rodrigues afirmou sentir-se como uma igual num mundo sobretudo dominado por homens e que nunca foi tratada de forma diferente por ser mulher. Ainda que, junto dos mais velhos, alguns homens cuidem dela “como se fosse a sua filha”, brincou.
Já a presidente do Rancho Típico dos Avieiros de Vila Franca de Xira, Maria do Céu Padinha, deixou um apelo para as jovens ingressarem nas associações e ajudarem a manter vivas as tradições. Por último Ana Catarina Pereira, eleita pelo segundo ano consecutivo como a melhor guarda-redes de futsal do mundo, lamentou ainda não existir profissionalização da modalidade e por isso as mulheres terem de complementar o desporto com uma segunda profissão. “É preciso sermos mais unidas, precisamos de bater o pé e as pessoas saberem que existimos. Precisamos do nosso 25 de Abril e ter uma profissionalização”, apelou.

“A cultura em Portugal é aquela coisa que fica sempre para o fim”

Mais Notícias

    A carregar...

    Capas

    Assine O MIRANTE e receba o Jornal em casa
    Clique para fazer o pedido