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Divisões no PSD ajudam a chumbar concessão do mercado de Santarém a privados
Mercado municipal encontra-se actualmente em obras de requalificação e os vendedores estão na Casa do Campino

Divisões no PSD ajudam a chumbar concessão do mercado de Santarém a privados

Para além da união de toda a oposição, foram também determinantes os três eleitos social-democratas que não votaram a favor da proposta do seu partido.

Se todos os eleitos da bancada do PSD na Assembleia Municipal de Santarém tivessem votado favoravelmente a proposta de concurso público para concessão da gestão do mercado de Santarém a privados tinha passado na sessão de 8 de Março. Só que três eleitos social-democratas não alinharam com a maioria da sua bancada: Manuel Gomes e Bruno Matos votaram contra e José Gandarez absteve-se.
Como a sessão decorreu por videoconferência não ficou claro na altura como é que cada eleito votou, daí ter ficado a ideia que a aliança da oposição PS, CDU, BE e CDS tinha sido determinante para o chumbo da proposta da Câmara de Santarém, de maioria PSD. Só que, afinal, à oposição juntaram-se três eleitos ‘laranja’ que ajudaram a desequilibrar a decisão nesse sentido.
Na sessão realizada na noite de segunda-feira, 8 de Março, a proposta apresentada pela câmara, de maioria PSD, colheu 20 votos favoráveis, do PSD e de dois presidente de junta independentes (Ricardo Costa e Guida Botequim), e 22 votos contra, de PS, CDU, BE e CDS e do PSD (2). As duas abstenções registadas pertenceram a José Gandarez (PSD) e a Manuel João Custódio, presidente da Junta do Vale de Santarém eleito pelo PS.
Em declarações a O MIRANTE no dia seguinte ao chumbo, o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), reagiu a esse revés político apontando o dedo à oposição, sem menção aos seus companheiros de partido: “Ficou claro que a oposição em Santarém não tem visão estratégica para o concelho, só têm ideias gastas e sem futuro”. E acrescentava que “já vem de há muito tempo este tipo de oposição, que em sede de orçamentos municipais nunca apresenta uma única ideia, pois não as tem, só tenta que o concelho não progrida por razões eleitoralistas”.

Divisões já vêm de trás
Esta não é a primeira vez que a bancada do PSD se divide e acaba por prejudicar os objectivos do partido. No início deste mandato, José Gandarez perdeu a batalha pela presidência da assembleia municipal para o socialista Joaquim Neto, apesar de o PS ter menos cinco eleitos nesse órgão porque não teve toda a bancada social-democrata consigo.
A lista socialista contou com 22 votos, apesar da bancada do PS apenas ter 16 eleitos. A lista do PSD, liderada por José Gandarez, contou 18 votos, menos um do que o número de elementos da sua bancada presentes na sessão. Para além de PSD e PS, os restantes lugares da assembleia municipal são ocupados pela CDU (3), CDS (1), BE (1) e presidentes de junta eleitos por movimentos independentes (3).

Oposição exulta com a decisão

As redacções dos partidos de esquerda ao chumbo da concessão do mercado a privados nãos se fez esperar. O PS de Santarém diz nada o move contra a iniciativa privada. Mas considera “um escândalo que se invistam mais de 2 milhões de euros numa obra pública e o PSD proponha privatizá-la em seguida, cobrando 2 mil euros de renda”. Afirma ainda que “os direitos dos vendedores do mercado são incontornáveis e merecem respeito para continuarem o seu legítimo, saudável e inquestionável direito de ganharem a vida honestamente”.
Por sua vez, o Bloco de Esquerda reitera que a concessão a privados traria para Santarém “os maus exemplos dos Mercados da Ribeira e de Campo de Ourique no município de Lisboa”, que ao passarem para gestão privada “passaram a ter problemas como dificuldade de acesso das associações culturais para eventos, aumento progressivo das rendas dos comerciantes, padronização de funcionamento tipo centro comercial, predomínio das cadeias de restaurantes nacionais”. E diz que “só a prioridade aos produtores locais e não subordinado ao mercado e concorrência desleal garantirá mais resiliência e saúde à economia local”.
Já o PCP assume também a defesa dos comerciantes que actualmente vendem no mercado municipal referindo que a proposta do PSD não garante a manutenção dos mesmos no renovado espaço. “O PCP defende a gestão municipal do mercado. A proposta do executivo PSD que visava entregar o mercado municipal a um privado, por 15 anos, por um preço global a partir de 2 mil euros por mês, não vai, na óptica do PCP, ao encontro dos interesses do concelho de Santarém”, argumenta o partido.

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