Espuma branca volta a sujar águas do Tejo em Abrantes
Novo foco de poluição volta a pôr ambientalistas e autarcas em alerta e a criticar a impunidade dos prevaricadores. Presidente do município diz que há trabalho a fazer, mas fala em “melhoria substancial” do rio.
O troço do rio Tejo entre o açude de Abrantes e Tramagal voltou nas últimas semanas a ser motivo de preocupação e indignação entre autarcas e ambientalistas por apresentar quase diariamente espuma branca e uma coloração da água que levanta novas suspeitas de poluição. Entre investigações e análises constantes a questão continua a ser a mesma: quem são os culpados e para quando a sua responsabilização?
O presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Valamatos (PS), disse na última reunião do executivo que os serviços da autarquia continuam semanalmente a monitorizar e analisar os resultados dos testes à água feitos pela Agência Portuguesa do Ambiente e, sempre que há novos focos de poluição, a diligenciar junto dessa entidade e do Ministério do Ambiente.
Observando que além da espuma, muitas vezes a “água não tem uma coloração aceitável”, o autarca socialista, que respondia ao vereador do Bloco de Esquerda, Armindo Silveira, vincou que ainda há muito trabalho a fazer pela saúde do rio, mas que é preciso “reconhecer que o Tejo teve uma melhoria substancial na sua qualidade e quantidade.
Guardião do Tejo
deixa novo alerta
O “Guardião do Tejo”, Arlindo Marques, concorda que “são focos de poluição que nada têm a ver com os dos anos 2015, 2016, 2017 e início de 2018, que quase mataram o Tejo”, mas sublinha que “ver na superfície da água espuma branca que vai do açude de Abrantes até Tramagal é sinal que alguma coisa não está bem”. O normal, acrescenta, seria essa espuma - se fosse provocada exclusivamente pela agitação da água - “dissipar-se dois ou três metros logo a seguir ao açude”.
O cenário também não convence o vereador do Bloco de Esquerda e membro do movimento proTEJO, Armindo Silveira, que colocou o assunto à discussão na última sessão camarária. “Por incrível que pareça, não se consegue encontrar um único responsável e a promessa de acabar com a impunidade fica-se por entre sessões, conferências, declarações”, disse indignado na sua intervenção, criticando a “apatia colectiva” de quem gere o território em pôr cobro à poluição num rio que tem sido massacrado ao longo de anos.
Também o vereador do PSD, Rui Santos, chamou a atenção para o ressurgimento deste problema que deve unir todas as forças políticas no sentido de continuarem a fazer pressão junto das entidades responsáveis.