Hospital de Santarém tem nova resposta para disfunções do pavimento pélvico
Equipamento de electroestimulação ajuda o doente a perceber que músculo deve contrair e a fazê-lo da forma mais correcta, capacitando-o para que possa fazer o exercício sozinho em casa.
Na semana em que se assinala o Dia Mundial da Incontinência Urinária, o Hospital Distrital de Santarém apresenta os resultados de um novo equipamento, utilizado há cerca de um ano, para o tratamento das disfunções do pavimento pélvico, sobretudo da incontinência urinária e fecal e das disfunções sexuais.
“Trata-se de um equipamento de electroestimulação e biofeedback (estímulo visual projectado num monitor) que ajuda o doente a perceber que músculo deve contrair e a fazê-lo da forma mais correcta e adequada”, explica a directora do Serviço de Medicina Física e de Reabilitação, Sara Räder.
A médica reforça ainda que esta é uma forma de capacitar o paciente para que possa fazer o exercício sozinho em casa. “Muitas vezes, as pessoas têm dificuldade em identificar os músculos e conseguir realizar os exercícios de forma correcta, mas se forem bem efectuados é possível prevenir algumas patologias, como o prolapso de órgãos pélvicos, e evitar algumas cirurgias de incontinência”, acrescenta.
De acordo com a médica, embora seja mais frequente a utilização deste equipamento no tratamento da incontinência urinária e fecal na mulher, também pode ser feito no homem, sobretudo após prostatectomia.
A fisioterapeuta Ana Sofia Fernandes destaca o facto de o equipamento permitir simular situações que podem causar perda de urina, como, por exemplo, uma aula de pilates clínico ou o acto de caminhar sobre areia. De acordo com a fisioterapeuta, este equipamento permite ainda trabalhar os dois tipos de fibras que existem no pavimento pélvico em termos de electroestimulação e de contracção muscular. Outra das vantagens apontadas é o facto de permitir um tratamento mais rápido, verificando em tempo real a força muscular dos doentes e efectuando um plano de tratamento individualizado.
Incontinência urinária continua a ser tabu
As disfunções do pavimento pélvico e, em particular, a incontinência urinária, têm uma prevalência elevada na população. Segundo dados da Associação Portuguesa de Neurourologia e Uroginecologia, a incontinência urinária afecta cerca de 35% das pessoas com mais de 60 anos, sendo duas vezes mais comum nas mulheres que nos homens.
A prevalência aumenta com a idade, estimando-se que 50 a 85% dos idosos que residem em lares sofram desta patologia. Representa um problema sério, com impacto profundo na qualidade de vida de muitos doentes, mas, infelizmente, ainda é um tema tabu. Muitas pessoas sofrem vários anos com esta patologia adiando a procura de ajuda por vergonha. Apenas 10% dos doentes recorrem ao médico por problemas de incontinência. Os restantes recorrem à automedicação ou à autoprotecção. A taxa de cura da incontinência de esforço é de 90%.