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A incerteza de não saber quando volta a abraçar a família
Vera Alves vive na Nova Zelândia há 14 anos, onde conheceu o marido, e tem uma filha, Eva

A incerteza de não saber quando volta a abraçar a família

Jornalista da Póvoa de Santa Iria vive na Nova Zelândia, onde a vida voltou ao normal há nove meses. Visitou a ilha numas férias, há 14 anos, e por lá ficou. Fixou-se nos antípodas, onde constituiu família, mas as saudades de Portugal são uma constante.


Vera Alves, 36 anos, nunca pensou que uma viagem de férias à Nova Zelândia lhe mudasse a vida por completo. A jornalista, que trabalhou em O MIRANTE, sempre viveu na Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira, até que decidiu mudar-se de armas e bagagens para o outro lado do mundo. Foi à aventura e nunca pensou ficar tanto tempo. Já lá vão 14 anos. Entretanto, casou e teve uma filha, Eva, actualmente com quatro anos. Depois de 12 anos a viver em Auckland, mudou-se há cerca de dois anos para Wanaka, uma vila na ilha do sul do país.
Vera Alves confessa que vive com o coração dividido. Por um lado, sabe que é uma privilegiada porque desde 8 de Junho do ano passado que na Nova Zelândia a vida voltou ao normal depois de um confinamento geral, que começou a 25 de Março, por causa da pandemia. Por outro lado, as fronteiras daquele país banhado pelo Oceano Pacífico continuam fechadas e não pode visitar a família que está toda em Portugal. A jornalista recorda que quando surgiram os primeiros casos de Covid-19 o Governo fechou tudo. Só os supermercados, farmácias e bombas de gasolina estavam abertos. Sair de casa só mesmo para dar uma volta rápida pelo quarteirão onde vivem.
“Formamos aquilo que o Governo chamou de ‘bolhas’. Fomos avisados que a bolha que tínhamos no dia do confinamento seria a bolha que teríamos que manter até passarmos do nível quatro (nível máximo) até ao nível dois. Foi assim que conseguimos resolver o problema da pandemia tão rapidamente”, explica a O MIRANTE numa entrevista realizada através de email. Os encontros com os amigos passaram a ser feitos através da plataforma online Zoom, assim como todo o trabalho. “Este país colocou as pessoas e a saúde à frente da economia por isso encerraram tudo. Foi um confinamento forte mas curto por isso conseguimos regressar ao normal tão depressa”, afirma.
A pandemia teve logo impacto na sua família com o marido de Vera a ficar desempregado, situação que já foi ultrapassada. O Verão está a terminar no hemisfério sul e a jornalista da Póvoa de Santa Iria conta que não faltaram festivais de Verão, festas, concertos, jogos de rugby e dar muitos abraços. Só é obrigatório utilizar máscara nos transportes públicos ou nas viagens de avião, que neste momento só tem voos internos. Na Nova Zelândia a vida já voltou ao normal há muito tempo. A única diferença é que as fronteiras continuam fechadas, o que impede Vera de visitar a sua família.
“Com a pandemia aprendi a não dar nada como garantido. Quando me despedi da minha família no Verão de 2019 achava que iria regressar no ano seguinte e trocaram-nos as voltas. Os meus pés estão na Nova Zelândia mas o meu coração está em Portugal. Tento não pensar no facto que se acontecer alguma coisa à minha família não posso sair daqui”, confessa.

Saudades da família e das iguarias nacionais
A jornalista conta que Portugal e a Nova Zelândia são muito diferentes. O país onde vive é mais relaxado, existe menos burocracia e menos formalidades. No entanto, tem menos história do que Portugal e a comida portuguesa é “maravilhosa” comparada com a neo-zelandesa. Outro dos inconvenientes é o fuso horário. As 13 horas de diferença complicam as videochamadas para a família.
Quando se fala em saudades Vera Alves não esquece a família e os amigos, e os momentos que passava diariamente com eles, mas também sente falta do café, do pequeno-almoço feito pela sua mãe, dos pastéis de nata, açorda, tomatada, caracóis e uma imperial. “Sinto muitas saudades de ver a minha filha a brincar com o meu sobrinho mais velho. Além disso, tenho outro sobrinho que nasceu no final do ano passado e custa-me não saber quando vou poder conhecê-lo”, confessa com tristeza.
Antes da pandemia vinha sempre um mês a Portugal. Agora espera que a situação melhore por cá para poder regressar. Vera e o marido, que tem toda a sua família em Inglaterra, esperam que a situação se resolva o mais rápido possível para poderem voltar a abraçar a a família.

A incerteza de não saber quando volta a abraçar a família

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